Milhares de passageiros acumulavam-se no aeroporto do Cairo neste sábado, em meio ao atraso e cancelamento de diversos voos, ficando impossibilitados de deixar o país por causa do toque de recolher imposto pelo governo.
Enquanto isso, Arábia Saudita, Líbano, Emirados Árabes Unidos e Jordânia organizaram dez voos adicionais para tentar retirar seus cidadãos do país, disseram fontes do aeroporto internacional do Cairo. Entre os que saíram estavam familiares de diplomatas.
A principal operadora aérea egípcia, por sua vez, foi obrigada a cancelar 15 voos agendados porque não conseguiu reunir um número suficiente de tripulantes e funcionários de segurança, disseram as fontes.
Para milhares de viajantes, egípcios e estrangeiros, a notícia significou mais um revés num dia em que pouca coisa deu certo. Cerca de duas mil pessoas correram para o aeroporto no início do dia, muitos sem reserva, na esperança de conseguir um assento num voo para fora do país. Sem voos, os passageiros acumulavam-se no aeroporto, impedidos de sair por causa do toque de recolher e também por medo dos protestos que tomavam conta da capital e que já provocaram mais de 70 mortes.
Outros, que ainda não foram para o aeroporto, contam os dias na esperança de qualquer oportunidade para sair. “Vamos contactar o consulado dos EUA, porque queremos que eles saibam que estamos aqui”, disse a norte-americana Regina Fraser.
As perspectivas parecem sombrias. A companhia aérea British Midlands International informou que seu voo de Londres para o Cairo teve de retornar à capital inglesa porque a mudança do horário do toque de recolher impossibilitou a aterrissagem a tempo para que os passageiros deixassem o aeroporto. O avião estava cheio de diplomatas britânicos, pessoas que trabalham em órgãos de direitos humanos, jornalistas e alguns egípcios desesperados por chegar em casa, incluindo um que tentava chegar a tempo para sua cerimônia de casamento, de acordo com um repórter da Associated Press que estava a bordo.
Diversas companhias, entre elas as alemãs Lufthansa e Air Berlin, a norte-americana Delta Air Lines e a polonesa LOT, cancelaram voos e estudavam por quanto tempo iriam manter os cancelamentos. A Delta disse que seus serviços estavam “indefinidamente suspensos como resultado de uma insurgência civil” no Egito.
Outras, como a italiana Alitalia, a holandesa KLM e a British Airways ajustavam seus cronogramas para se adaptar aos horários do toque de recolher. A British disse ainda que enviaria um avião charter para o Egito para retirar de lá os passageiros que queiram sair.
Além disso, os militares fecharam o acesso às pirâmides de Giza, um dos principais atrativos turísticos do país. O turismo responde por até 11% do PIB egípcio e levou mais de US$ 9 bilhões para o Egito nos primeiros nove meses do ano passado. As informações são da Associated Press.