Passado permeia eleição no Uruguai hoje

Um ex-guerrilheiro tupamaro, um ex-presidente da república que tenta voltar ao poder 20 anos depois de sua primeira eleição e um jovem com pouca experiência política que é filho de um ex-ditador são os três principais candidatos à sucessão presidencial do socialista moderado Tabaré Vázquez.

O ex-guerrilheiro é José Pepe Mujica, da coalizão governista Frente Ampla, que tem 44% das intenções de voto, segundo pesquisa da consultoria Factum. O ex-presidente é o liberal Luis Alberto Lacalle, candidato do Partido Nacional, também conhecido como Partido Branco. Ele tem 31% das intenções de voto. O filho do ex-ditador é Pedro Bordaberry, que no início desta década foi ministro do Turismo e concorre pelo Partido Colorado, tendo 12% das intenções de voto.

Nesse clima de retorno ao passado, 2,5 milhões de uruguaios vão hoje às urnas para eleger o novo presidente.

As pesquisas afirmam que a Frente Ampla não conseguirá os 50% mais 1 dos votos necessários para vencer no primeiro turno. Mujica não conseguiu beneficiar-se da boa imagem do presidente Tabaré, que tem 60% de aprovação popular.

“Em linhas gerais, levando em conta que o contexto internacional foi favorável, Tabaré fez uma boa gestão. E por isso exibe bons índices de aprovação popular”, disse ao Estado o economista Gabriel Oddone.

Mujica causa preocupação no setor financeiro com suas promessas de acabar com o sigilo bancário do Uruguai, considerado o paraíso fiscal da região. Ele diz, porém, que seu modelo de esquerda se aproxima do estilo moderado do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva – e não do radicalismo do venezuelano Hugo Chávez. Lacalle também causa desconfiança: embora liberal, não se comprometeu em alterar a forte presença estatal na economia.

Para os empresários, a questão é chave. O próximo governo, dizem, precisará modernizar a infraestrutura do país. Mas, para isso, precisará privatizar o controle de portos, rodovias e ferrovias – tema considerado tabu para os uruguaios.