Partido separatista vira o maior da Bélgica

A separatista Nova Aliança Flamenga (NVA) tornou-se o maior partido da Bélgica depois das eleições gerais e seu líder advertiu hoje que a infindável disputa política no país precisa acabar. Bart De Wever, líder da NVA, e outros líderes partidários conversaram com o rei Albert nesta segunda-feira para definir quem deve formar o próximo governo. De Wever disse que o caminho a ser seguido pelo país – que participa de importantes instituições da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – depende da disposição dos 4 milhões de falantes da língua francesa em aceitar mais autonomia para Flandres, parte norte de língua holandesa, e para a Valônia, cuja língua oficial é o francês.

“Este país não pode aguentar meses de instabilidade política”, disse De Wever, de 39 anos, acrescentando que o novo governo também deve conter os gastos desordenados. A formação de um novo governo depois das eleições de 2007 demorou mais de seis meses por causa de disputas linguísticas.

Apesar da vitória eleitoral, são remotas as perspectivas para a separação de Flandres. Apenas o Vlaams Belang (Partido do Interesse Flamengo), legenda de extrema-direita, apoia a ideia. Os democratas-cristãos, liberais e socialistas se opõem, mas também querem mais autonomia regional e veem a vitória eleitoral do De Wever como um grande passo nessa direção.

Ontem, os eleitores deram à coalizão em fim de governo do primeiro-ministro Yves Leterme, formada por democratas-cristãos, liberais e socialistas, todos divididos em campos de fala holandesa e francesa, um relato desmoralizador por causa de três anos de paralisação.

A Nova Aliança Flamenga conquistou 27 assentos no Parlamento de 150 cadeiras, os socialistas na Valônia obtiveram 26 e os Democratas Cristãos flamengos apenas 17 lugares. De Wever disse que indicaria um francófono para o cargo de primeiro-ministro, provavelmente Elio di Rupo, líder dos socialistas da Valônia – se isso aliviasse a resistência para a realização de mais reformas constitucionais na francófona Bélgica. “Não é minha ambição pessoal tornar-me premiê”, disse ele. “Se é útil criar mais confiança nas reformas na parte francófona deste país, eu ficarei feliz em oferecer o cargo a um político francófono.”

Flanders e Valônia já conquistaram autonomia nos últimos 30 anos em desenvolvimento urbano, meio ambiente, agricultura, emprego, energia, cultura e esportes. Partidos flamengos agora querem poderes sobre a Justiça, saúde e segurança social, mas os políticos da Valônia temem que o fim da responsabilidade federal sobre o sistema de segurança social signifique o fim da Bélgica como nação.

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