Partido opositor afirma ter vantagem na apuração do Zimbábue

O principal partido de oposição do Zimbábue anunciou neste domingo (30) ter vantagem na apuração das eleições realizadas no sábado (29). O Movimento para a Mudança Democrática (MMD) informou que seu líder, Morgan Tsvangirai, liderava a disputa presidencial com 67% do total, com 35% dos votos apurados. O anúncio foi visto como uma forma de evitar fraudes – resultados oficiais estavam previstos apenas para a segunda-feira (31), segundo declarações anteriores.

O atual presidente do país, Robert Mugabe, no poder desde 1980, tenta a reeleição. A maioria dos partidários do atual líder se encontra nas regiões rurais, portanto era ainda difícil estimar a validade da vantagem anunciada pelo MMD para a contagem total.

O presidente da comissão eleitoral, juiz George Chiweshe, foi assediado por repórteres em busca de resultados oficiais, neste domingo (30). Segundo ele, a apuração demorava pois os zimbabuanos votaram para presidente, para as duas casas do Parlamento e para vereador. Desse modo, cada voto precisava ser contado quatro vezes.

"Essa foi uma eleição mais complicada. Nós divulgaremos o resultado assim que possível", afirmou Chiweshe. Segundo observadores eleitorais, o escritório central da eleição estava calmo na manhã deste domingo (30) e parecia não haver pressa para a divulgação de resultados.

"O regime perderá e por isso está demorando deliberadamente", acusou Tendai Biti, secretário-geral do MMD.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, em viagem pelo Oriente Médio, qualificou o regime de Mugabe como uma "desgraça". "O regime de Mugabe é uma desgraça para o povo do Zimbábue, para o sul da África e para o continente africano como um tudo", disse.

Segundo Biti, os líderes da oposição afirmam ter a liderança nos votos já apurados baseados em resultados colocados durante a noite nas portas de centros de votação. "A vitória do povo está em curso", disse Biti, na noite de sábado (29). "Não temos a menor dúvida de que venceremos esta eleição."

Pessoas comemoravam nas ruas comemorando o que acreditavam ser a vitória da oposição. "Dêem a Tsvangirai uma chance", eles cantavam. Mas Hapisson Mate, de 23 anos, estava preocupado. "Por que não estamos recebendo os resultados? Está claro para mim que Mugabe quer roubar esta eleição."

A polícia tentou impedir que a oposição divulgasse resultados. O argumento usado foi que esta seria uma atitude ilegal, pois somente a Comissão Eleitoral estaria autorizada a publicar os números. Advogados dos partidos oposicionistas argumentaram que as informações divulgadas já eram públicas.

Os funcionários de segurança e de outras áreas do governo afirmam querer evitar um cenário semelhante ao do Quênia. O atraso da divulgação dos resultados das eleições de dezembro gerou uma explosão de violência no país. Mais de mil quenianos foram mortos em confrontos.

O chefe dos observadores do Parlamento Pan-Africano, Marwick Khumalo, expressou preocupação com o atraso. Segundo ele, todos ou quase todos os votos já estariam apurados, e portanto não se justificaria o atraso. Isso "cria ansiedade", segundo Khumalo, e tem um potencial de gerar conflitos.

Concorrem com Mugabe Tsvangirai, de 55 anos, que perdeu por pouco as eleições de 2002, e o independente Simba Makoni, de 58 anos, ex-ministro da Economia.

Uma equipe de observadores internacionais denunciou a existência de 8,5 mil eleitores fantasmas registrados nas eleições. Apesar dos problemas, segundo os observadores a votação foi tranqüila. Cerca de 6 milhões de eleitores estavam registrados.

No poder desde 1980, Mugabe negou as acusações de que tentaria manipular o resultado das eleições para conseguir um sexto mandato.

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