A contagem de votos na Tunísia indica que o partido islâmico Ennahda, que durante muito tempo foi proibido de atuar livremente, conquistou a maioria dos votos dos eleitores no país que deu início à Primavera Árabe. A legenda declarou nesta segunda-feira que vai conquistar pelo menos 60 das 217 cadeiras da Assembleia Constituinte.
“Teremos entre 60 e 65 assentos na Assembleia Constituinte”, disse um membro da executiva do partido à agência France Presse, citando contagem do próprio partido.
A Tunísia era conhecida por seu governo repressivo, mas também por sua legislação progressiva em relação às mulheres e às famílias. Tunisianos seculares temem um retrocesso nesses aspectos caso o partido islâmico moderado Ennahda consiga a liderança na nova assembleia que será criada a partir dos resultados das eleições de domingo.
Para o Ennahda, o Islã deveria ser o ponto de referência para o país e suas leis, mas a legenda afirma que vai respeitar os direitos das mulheres e que está comprometida coma a democracia e trabalha com outros partidos.
“Durante a campanha, o partido islamita foi bastante disciplinado em dizer que vai proteger os direitos humanos, que vai proteger os direitos das mulheres e manter a igualdade, mas de fato isso é uma questão em aberto”, disse Ricky Goldstein, que atuou como observador eleitoral do grupo norte-americano Human Rights Watch. “Seu discurso em algumas áreas foi vago e ambíguo.”
Por outro lado, em entrevista à televisão Associated Presse, Goldstein afirmou que o pleito foi um “exemplo brilhante em termos de condução. Eu acho que veremos uma influência positiva da Tunísia nas próximas eleições no Egito.”
A rádio tunisiana Mosaique FM divulgou nesta segunda-feira resultados parciais de todos os pontos do país e muitos deles mostram a liderança do Ennahda.
O chefe da comissão eleitoral, Kamel Jendoubi, disse que os resultados oficiais devem ser divulgados na tarde de terça-feira. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.