O governo esquerdista da Noruega corre o risco de perder a maioria no Parlamento, apesar de o país ter conseguido enfrentar a recessão global, conforme mostram pesquisas de opinião neste domingo. Os eleitores do país vão às urnas hoje e amanhã para eleger os 169 representantes da nova legislatura. Uma pesquisa da TNS Gallup mostrou que a coalizão tripartite liderada pelo primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, do Partido Trabalhista, está a três cadeiras de conseguir a maioria no Congresso.
Stoltenberg ainda teria uma chance de manter-se no poder com um governo de minoria, já que a oposição de centro-direita não conseguiu unir-se em uma só frente. O principal adversário de Stoltenberg é Siv Jensen, do direitista Partido Progressista, que recebeu apoio dos eleitores ao pedir a redução de impostos e o aumento da rigidez nas regras de imigração.
Stoltenberg e Jensen trocaram farpas em debate em Oslo neste domingo. Jensen disse que os repetidos governos do Partido Trabalhista foi incapaz de resolver os problemas no sistema de bem-estar social, apesar da crescente riqueza proveniente do petróleo. Stoltenberg, por sua vez, disse que nesta eleição estão mais em jogo os valores e a direção do país.
“Eu acredito que você não construirá um paraíso social-democrata até terça-feira porque você já está no poder há muito tempo e ainda não o fez”, disse Jensen, que tem como modelo a ex-primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher. A Noruega escapou da crise financeira praticamente sem ser atingida, em parte por causa de um fundo de riqueza soberano alimentado por receitas provenientes do setor de petróleo e gás avaliadas em mais de US$ 400 bilhões. O desemprego está em 3%, entre os mais baixos de toda a Europa.
O petróleo e o gás extraídos das plataformas no Mar do Norte fazem do país de 4,8 milhões de habitantes um dos mais ricos do mundo. Mas os noruegueses demandam muito dos serviços públicos e rotineiramente reclamam de algumas falhas, como a lista longa de espera em hospitais públicos para tratamentos não emergenciais.
O Partido Progressista angariou apoio nos últimos anos ao defender maior gasto, no país, dos recursos provenientes do petróleo, redução de impostos e melhoria da infraestrutura. O partido também defende mais privatização nos setores de educação e saúde e mais exigências para os imigrantes que queiram se integrar à sociedade norueguesa. A imigração cresceu na ordem de cinco vezes desde o início da década de 1970 e hoje mais de 10% da população do país tem origem estrangeira.
Cerca de 200 locais de votação foram abertos nos municípios do país neste domingo; amanhã é o principal dia de eleições. Durante o pleito, praticamente não foi abordada a entrada na União Europeia, algo que os eleitores noruegueses rejeitaram duas vezes. As informações são da Associated Press.