Menos de 48 horas depois de anunciar que retomaria o diálogo com representantes do dalai-lama, o Partido Comunista da China voltou a atacar o líder espiritual do Tibete, em um indício de que há pouca disposição de Pequim para mudar a política oficial em relação à região. ?A claque do dalai-lama sempre foi hábil em jogar com as palavras, lançando vários tipos de conceitos para conquistar as pessoas?, acusou o jornal Diário do Povo, órgão oficial do PC chinês, em editorial publicado ontem. ?Mas só existe uma palavra-chave por trás desse discurso: a independência do Tibete?, acrescentou.

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O dalai-lama, por sua vez, afirmou que o diálogo com a China será inútil se não houver ?seriedade? na busca de uma solução para o Tibete. ?Nós tivemos seis rodadas de discussões, mas nada aconteceu. Desta vez, se a China fala com seriedade, isso é bom, mas se ela só quer mostrar ao mundo que ?nós estamos conversando?, não há nenhuma utilidade nesse encontro?, disse o porta-voz do dalai lama, Tenzin Takla.

Desde os protestos em Lhasa, em meados de março, o governo chinês intensificou sua campanha contra o dalai-lama, a quem acusa de ser o mentor das manifestações, as mais violentas em duas décadas.

Ataques contra o líder tibetano aparecem diariamente na imprensa oficial, o que torna cada vez mais difícil a possibilidade de diálogo e quase impossível a obtenção de um acordo em torno do Tibete. As seis rodadas de discussão foram realizadas a partir de 2002 e não provocaram nenhuma mudança na política de Pequim em relação à região.

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