Partidários de Zelaya já mostram sinais de cansaço

Após quatro dias de mobilização para tentar chegar à fronteira com a Nicarágua, partidários do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, mostravam ontem sinais de desânimo. Impedidos pelos bloqueios policiais de se encontrar com o líder, muitos já buscavam meios para abandonar o ponto de maior concentração da “resistência” ao golpe militar do dia 28, em El Paraiso, a cerca de 20 quilômetros da cidade fronteiriça de Las Manos. “Não há comida para todos aqui, somos assalariados e muitos de nós não podem correr o risco de perder mais um dia de trabalho amanhã”, disse uma das líderes dos piquetes e bloqueio de estradas de El Paraiso, Silvia Flores. “Estamos cercados e cansados. Não podemos ir até a fronteira nem retroceder”, disse o militante Cesar Castro.

Depois de recuar de sua intenção, anunciada na véspera, de acampar na zona de fronteira de Las Manos, Zelaya pouco saiu ontem do quarto do Hotel Frontera, na cidade nicaraguense de Ocotal. Diferentemente do sábado e da sexta-feira – quando atravessou por poucos metros e minutos a fronteira e pisou pela primeira vez em solo hondurenho desde o dia 28 -, Zelaya não tinha aparecido até o fim da tarde do ontem no posto de alfândega.

Para assessores do governo interino de Roberto Micheletti, Zelaya tem visto suas opções para retomar o poder se reduzindo a cada dia. A chamada “insurreição popular” convocada pelo líder deposto para levá-lo de volta a Tegucigalpa não chegou nem a se constituir. Só uma pequena, embora ruidosa, claque vinda da Nicarágua o saudou durante suas duas visitas à zona de fronteira – servindo de cenário para as pouco imparciais câmeras da emissora Telesur, cujo maior acionista é o Estado venezuelano controlado por Hugo Chávez.

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