No parque temático que o kirchnerismo criou na periferia de Buenos Aires, crianças aprendem – gratuitamente – sobre a docilidade dos dinossauros e a agressividade dos abutres. A família Ovejero é uma entre milhares que nas férias vão a Tecnópolis, área do tamanho de 55 campos de futebol com estandes de alta tecnologia, em que jogos interativos misturam lições do primário com dicas sobre o tamanho ideal do Estado. Priscila Ovejero, de 5 anos, usava uma tiara com orelhas da Minnie ao sair da atração montada pelo Ministério da Economia – os órgãos de governo têm sua sede adaptada ao público infantil.

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Ali, ela se divertiu com o Fuera Buitres (Fora Abutres), uma versão kirchnerista do game Angry Birds, em que botões em um painel permitem disparar bolas com o logotipo de seis “planos sociais K” contra os pássaros em uma tela projetada na parede. Quando destruiu os lugares em que poderiam pousar, o bichos fugiram com cara de pavor. No lugar d0 “game over”, aparece a mensagem: “Missão cumprida. Entre todos, defendemos nossa soberania econômica. Cada vez mais livres”.

Em seguida, um vídeo projetado em uma sala espelhada ensinou a Priscila como um presidente chamado Néstor Kirchner salvou o país em 2003, apostando na nacionalização de empresas como a Aerolíneas Argentinas e a petrolífera YPF. “É uma lavagem cerebral, mas não há o que fazer. Se a menina gosta de dinossauro, temos de trazer. E cada jogo é uma paulada. Acabamos de sair de um, não lembro o nome, em que todas perguntas eram sobre as principais realizações da presidente”, disse ao sair do prédio Elías Ovejero, pai da menina, instalador de vasos sanitários.

Ele votará no conservador Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires e principal candidato da oposição. Há uma semana, após uma vitória eleitoral por estreita margem do candidato de seu partido na capital, Macri adotou um discurso parecido ao que aparece nos estandes de Tecnópolis. A razão para sua guinada ao centro – seu partido votou contra a nacionalização da YPF e das Aerolíneas – motivou na última semana várias teorias.

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Segundo o Instituto Ibarómetro, entre os eleitores que desejam a continuidade do kirchnerismo (um terço dos votantes), 89% veem o Estado como o principal responsável pelo seu bem-estar. A surpresa está entre os que querem uma mudança no grupo que está no poder há 12 anos: o porcentual é semelhante, 81%. Este bloco também representa um terço do eleitorado. A fatia restante quer mudar algumas coisas, não necessariamente o governo.

“Independentemente dessa divisão, há uma inclinação por um Estado forte entre os argentinos”,

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diz Ignacio Ramírez, coordenador do estudo. Mesmo quando a ação estatal se refere à economia, os números são parecidos entre kirchneristas (71% são a favor da intervenção no setor) e anti-kirchneristas (61%). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.