O Parlamento do Afeganistão rejeitou a maioria das escolhas do presidente Hamid Karzai para seu gabinete, prolongando a crise política no país devastado pela guerra. Das 24 pessoas indicadas por Karzai para o gabinete, apenas sete foram aprovadas no sábado em uma votação secreta de mais de 200 legisladores.

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As rejeições deixam o Afeganistão sem um governo totalmente funcionando, arrastando o vácuo político que prevalece desde a eleição presidencial de agosto, com os ministérios sendo comandados por burocratas que têm pouco poder e nenhum plano coerente.

“É um retrocesso político”, disse o representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) Kai Eide. “Isso prolonga a situação sem um governo funcionando, que dura desde o verão (hemisfério norte) e é particularmente preocupante em um país em conflito, onde você tem muitos desafios e precisa concentrar a atenção em programas de reforma urgentes”, disse.

Entre os rejeitados está a única mulher, minando a promessa de Karzai de colocar mais mulheres no governo, e um líder militar cuja escolha como ministro de Água e Energia foi vista como recompensa pelo apoio na eleição de 20 de agosto.

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“Em um momento em que o Afeganistão precisa de um governo forte, eu acredito que a maioria dos ministros que não foi aprovada foi vista pelo Parlamento como não sendo representantes fortes o suficiente da nação”, disse o membro do Parlamento Shukria Barakzai.

Karzai vem tentando superar as acusações de que seu governo é corrupto, de que usa o Exército internacional para se manter no poder e bilhões em ajuda estrangeira para enriquecer seus aliados. A lista de nomeados para o gabinete havia sido vista como um esforço para equilibrar as obrigações entre seus defensores ocidentais, incluindo os EUA, e seus defensores domésticos.

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O porta-voz de Karzai, Waheed Omar, disse que, embora o presidente “não esteja feliz”, ele respeitava o processo democrático.

Dentro da constituição, os indicados rejeitados não podem ser escolhidos novamente para o mesmo posto, explicou o porta-voz parlamentar Husib Noori. O Parlamento inicia um recesso de inverno de 45 dias na terça-feira. As informações são da Dow Jones.