A Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 da Air France criticou hoje (29) o relatório divulgado pelo Escritório de Investigações e Análises da França (BEA) e disse que o documento pretende isentar de responsabilidade as empresas envolvidas no acidente. Em maio de 2009, o Airbus que saiu do Rio de Janeiro com destino a Paris caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo.
O presidente da associação, Nelson Faria Marinho, criticou o relatório que apontou que erros dos pilotos durante o voo determinaram a queda da aeronave.
“Nós repudiamos o relatório que acusa o piloto que nada tem a ver. O BEA nada mais é do que um órgão francês, e a França é dona da Airbus e da Air France. Estão se defendendo, preservando empregos na França. Eles não podem admitir porque isso afeta a venda de aviões”, disse.
Segundo a investigação, os pilotos não reagiram de maneira correta para evitar a queda de altitude do avião, quando os sensores da aeronave deixaram de funcionar. Ainda de acordo com o presidente da associação, o BEA, responsável pelas investigações e órgão ligado ao Ministério dos Transportes da França, caiu em contradição com a divulgação do relatório.
“Ele diz que o Pitot, que é o sensor de velocidade, deu defeito. Já admitiu isso. Se o Pitot deu defeito, o problema é mecânico e não do piloto. Se não fosse a falha da peça, o avião não ia cair. Com a falha do Pitot, deu problema no computador de bordo, que desligou o piloto automático e o avião caiu em três minutos e meio. O problema é do avião”, afirmou.
Marinho disse também que os processos contra as empresas estão parados. Ele aguarda uma reunião com a presidenta da República, Dilma Rousseff, já que a autorização dela é necessária para que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) entre na investigação.