O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, afirmou nesta segunda-feira que a parceria do seu país com os Estados Unidos pela “estabilização” na Líbia e pela segurança no Mar Mediterrâneo, anunciada em coletiva conjunta com o presidente Donald Trump na Casa Branca, não engloba qualquer ação relativa à segurança energética na nação africana nem tampouco à sua produção de petróleo.
“Trump e eu discutimos energia e petróleo, apenas a questão da segurança com relação à relevância da Líbia como polo migratório pelo Mar Mediterrâneo”, respondeu o italiano, quando questionado sobre a abrangência da parceria. “Devemos capacitar a Líbia a uma eleição democrática e ao devido processo constitucional, mas precisamos respeitar o povo líbio”, acrescentou.
Ao lado de Conte, cujo governo se formou, dentre outros fatores, pela retórica anti-imigração da Liga, Trump se viu no palco perfeito para reforçar o costumeiro discurso pelo endurecimento das leis americanas. “Nações fortes têm de ter fronteiras fortes”, pregou o americano, pouco antes de repetir que estaria disposto a se recusar a assinar uma proposta orçamentária do Congresso para 2019 que não contenha o financiamento para o muro na divisa com o México e, assim, provocar a paralisação do governo a partir de outubro.
O premiê italiano não deixou a ocasião por menos ao declarar que a União Europeia tem a “responsabilidade” de não “sobrecarregar” os chamados países “de chegada”, situados nas fronteiras externas do bloco, onde imigrantes vindo da África aportam em solo europeu. “Nossa política de imigração garante que os direitos fundamentais sejam respeitados”, argumentou Conte, buscando uma roupagem mais palatável para o discurso de “primeiro os italianos” do vice-premiê e ministro do Interior Matteo Salvini.
Conte se permitiu ainda afirmar que a Itália está se tornando “um ponto de referência para os Estados Unidos na Europa”. “O governo americano reconhece a nossa liderança na estabilização da Líbia”, exemplificou.