Paranavaí quer bichos fora das ruas

A presença de animais de criação de grande porte – como bovinos e eqüinos – circulando livremente pelas ruas já é considerado um problema rotineiro em Paranavaí, na região noroeste do Estado. Com o objetivo de resolvê-lo, a Prefeitura do município está fechando um convênio com uma organização não-governamental local de defesa dos direitos dos animais visando ao recolhimento e abrigamento dos bichos.

?Em Paranavaí, principalmente na região da periferia, muitas pessoas mantêm o costume de criar bois, vacas e cavalos em propriedades localizadas dentro da área urbana. É comum que estes animais acabem escapando e sejam vistos transitando pelas vias públicas ou mesmo invadindo residências. Através do convênio com a Prefeitura, ficaremos responsáveis pelo recolhimento dos mesmos, que serão levados à nossa chácara?, informa o presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Paranavaí, Odair Pereira.

No entendimento do secretário de desenvolvimento econômico do município, Marcos Franco, quando soltos os animais ficam expostos a situações de risco e maus-tratos. Podem, por exemplo, ser atropelados por veículos, ficando aleijados ou mesmo vindo a morrer. Além disso, acabam se alimentando de grama e flores de canteiro, podendo ficar sujeitos à desnutrição e aquisição de algum tipo de doença.

Secretário de desenvolvimento
econômico, Marcos Franco.

Às pessoas, os animais também podem representar ameaças. No caso de atropelamentos, eles são capazes de danificar veículos e até ferir motoristas e passageiros. Estressados devido ao movimento da cidade ou mesmo provocados por pessoas de má-fé, podem acabar irritados ou enfurecidos e ser capazes de atacar seres humanos, inclusive crianças. ?Também tem o problema das zoonoses. Sem proprietários e sem tratamento adequado, os animais podem acabar sendo fonte de transmissão de doenças à população?, afirma Marcos.

Segundo o secretário, diversos trabalhos de conscientização sobre o assunto já foram e continuam sendo realizados com os moradores de Paranavaí. Entretanto, a vistoria de animais soltos pelas vias públicas está inserida dentro de questões culturais presentes na cidade, como o próprio desenvolvimento de criações no meio urbano. ?A mudança de hábitos culturais geralmente é uma coisa bastante lenta. Entretanto, estamos realizando trabalhos contínuos de conscientização. Mantemos contato constante com criadores de animais?, diz.

A chácara da Sociedade Protetora para a qual serão levados os bichos apreendidos fica no prolongamento da Avenida Heitor Furtado, quase no centro de Paranavaí. O local conta com os serviços de um médico veterinário para atendimentos de emergência e tratamento de bichos encontrados enfermos ou feridos.

Multas serão revertidas para ONG

Eqüinos soltos viraram problema rotineiro em Paranavaí.

Os animais apreendidos nas ruas de Paranavaí pelos integrantes da Sociedade Protetora dos Animais só poderão ser retirados pelos proprietários mediante pagamento de multa, que será de R$ 30.

?A multa terá que ser paga na Prefeitura Municipal. Depois, para poder levar o animal embora, o proprietário terá que vir até nós e apresentar o comprovante de pagamento. Além disso, terá que arcar com as despesas de diárias do bicho na sociedade. Cada diária terá valor de R$ 20?, explica o presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Paranavaí, Odair Pereira.

Todo dinheiro arrecadado será revertido em benefício da própria organização não-governamental. Os valores serão utilizados para compra de ração, aquisição de medicamentos, realização de obras de ampliações no canil, conclusão do gatil e procedimentos cirúrgicos necessários aos bichos abrigados, como por exemplo castrações. Além disso, o dinheiro servirá ao pagamento de despesas básicas, como luz, água e telefone. ?O convênio com a Prefeitura vai proporcionar vários benefícios à sociedade. Temos muitos projetos de melhorias e a parceria vai ajudar para que possamos realizá-los?, diz Odair.

A Sociedade Protetora dos Animais de Paranavaí existe há onze anos. Atualmente, o lugar abriga e presta atendimento a 35 cães e 45 gatos que foram abandonados, vítimas de maus -tratos ou que nunca tiveram proprietários. Mensalmente, as despesas da entidade variam de R$ 800 a R$ 1.200, sendo cobertas, na maioria, por colaboradores voluntários.

Quem quiser ajudar a instituição pode obter mais informações através do telefone (44) 9932-0313. São aceitas tanto doações em dinheiro como em produtos, como rações, remédios, equipamentos de medicina veterinária, materiais de construção e jornais. Também é possível colaborar através da realização de serviços voluntários ou adoção de animais. Para isto, basta o preenchimento de uma ficha de adoção e o comprometimento em bem tratar o bicho escolhido. (CV)

Banco genético de animais de criação

Em todo mundo, milhares de pessoas sobrevivem da criação de animais. Porém, as perspectivas para este setor não são totalmente boas. Segundo um estudo apresentado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a cada mês uma raça de bicho de criação é extinta no planeta.

O problema é mais visível em países em desenvolvimento, em criações que não possuem base genética altamente especializada, ao contrário do que acontece na grande maioria dos países industrializados. Para evitá-lo ou mesmo minimizá-lo, a organização aconselha a criação de bancos de genes que tenham como finalidade a conservação de espermas e óvulos de animais pertencentes às espécies que se encontram em situação de risco.

Entre as espécies ameaçadas, o estudo aponta principalmente espécies latino-americanas, asiáticas e africanas. De acordo com a organização, a estimativa é de que existam cerca de 7 mil raças de animais de criação no mundo, que envolvem, entre outras, bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves. (CV)

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