O relatório final de uma comissão da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) conclui que as mortes de 20 campesinos em setembro no departamento (Estado) boliviano de Pando foram de fato um “massacre”, informa em sua edição online o jornal da Bolívia El Diário. Segundo o documento, entregue na quarta-feira (3) ao presidente Evo Morales, os fatos ocorridos em Pando devem ser julgados como crime de lesa-humanidade. O presidente da comissão, o argentino Rodolfo Mattarollo, descartou a hipótese de um enfrentamento entre campesinos, que pretendiam marchar a favor do governo, e ativistas opositores.
O jornal boliviano La Razón afirma que o relatório aponta que houve uma “clara perseguição racial” nos incidentes. Porém, o documento também sustenta que os policiais do departamento não cumpriram seu dever no caso, acusando-os por “omissão”. O ex-governador de Pando, Leopoldo Fernández, está preso. O governo boliviano o acusa de ter envolvimento no caso.
Parlamentares da oposição boliviana qualificaram o texto da Unasul como parcial, segundo o El Diario. Para o deputado Arturo Murillo, da Unidad Nacional (UN), não foi descrita a participação do governo nos incidentes de 11 de setembro, na localidade de Porvernir. O senador Roberto Yáñez qualificou o relatório como “enviesado”. Outro senador oposicionista, Óscar Ortiz, apontou que foram ouvidas muitas fontes do governo e poucas vozes dissonantes.