Para que servem as regressões de memória (1.ª parte)

As regressões de memória, inclusas as promovidas com fins terapêuticos, guardam uma relação estreita com o Espiritismo uma vez que, recebendo o selo de autenticidade, comprovariam um de seus princípios básicos que é a reencarnação. A técnica visa buscar no passado esquecido as causas de problemas principalmente de ordem psicológica que se manifestam no presente na forma de traumas, fobias, dificuldades graves de relacionamento, etc. Não é prática espírita e sim de consultório. É realizada através de hipnose ou livre associação de idéias. As opiniões entre os espíritas não são unânimes quanto a validade de sua aplicação. Para muitos, o esquecimento do passado é fundamental na atual reencarnação, evitando que a pessoa seja afetada pelas lembranças ao reconhecer, por exemplo, um inimigo de outrora e que hoje vive sob o mesmo teto na qualidade de cônjuge ou filho. Ou exacerbando-se no orgulho por ter sido esta ou aquela personalidade histórica. Para outros, desde que não objetive somente a vã curiosidade e sim a melhoria de vida do paciente, ela seria perfeitamente aceitável.

Os experimentadores precursores em regressão de memória capazes de alcançar vidas pretéritas foram Fernandez Colavida, a partir de 1887, e, um pouco mais tarde, Albert De Rochas, na última década do século XVIII e primeira do século seguinte quando trabalhou com 18 sujets. Léon Denis, o grande filósofo espírita, também ocupou-se do assunto, bem como Charles Lancelin e Flournoy com a médium Helena Smith.

Mas o grande impulso nas experimentações desta natureza, especialmente como recurso terapêutico, foi dado em 1967 quando circulou pelos centros acadêmicos da psicologia americana, o caso de um psicólogo protestante que tinha sonhos repetitivos sobre um navio afundando. Submetido à regressão para além da vida intra-uterina, descobriu-se a época e local do acontecimento, bem como, pela lista das vítimas, foi possível confirmar a identidade que o psicólogo afirmava ter usado.

Ao longo destes 38 anos, iniciando-se as observações mais sérias com o também psicólogo e protestante americano Morris Netherton, a TVP tem provocado controvérsias não só no âmbito da pesquisa científica enquadrada na área da medicina transpessoal como por parte dos espíritas. Explica-se. Os resultados até agora não foram suficientes para angariar a simpatia geral de profissionais como psicólogos, psicanalistas e psiquiatras. Isso é natural e temos muitos outros exemplos em que o ceticismo, a inércia, a má vontade e o jogo de interesses retardam o avanço de idéias e práticas que, só à custa de muito esforço e tempo, logram êxito em derrubar as inúmeras barreiras que lhes são interpostas no caminho. Foi assim com o magnetismo de Mesmer, reabilitado depois como hipnotismo. O mesmo verificamos com a homeopatia e a acupuntura só recentemente reconhecidas como ramos da medicina oficial porquanto antes não mereciam mais que rótulos pejorativos, marginalizados quando muito como medicina alternativa.

É assim que a Ciência e não só a Medicina trata as coisas novas. O Espiritismo, talvez mais do que qualquer outro conjunto de idéias da humanidade, sofreu e ainda sofre resistências, desprezo, descaso, quando não a oposição ácida dos cientistas ao se falar em vida após a morte, reencarnação, mediunidade e por aí afora. O Espiritismo não aceita nada que esteja em desacordo com a demonstração dos fatos ou que se oponha ao raciocínio lógico. É o primeiro a levantar a voz no combate às superstições, às crendices e às fraudes de qualquer natureza. Porém, daí à negação de fatos que confirmam seus próprios princípios, recai-se no extremo oposto, comportando-se exatamente como os seus maiores inimigos.

Descontextualizam uma frase do Espírito de Erasto quando este diz que ?Melhor é rejeitar dez verdades do que aceitar uma única teoria falsa?, esquecendo que neste caso o que melhor se aplica seriam certas palavras de Allan Kardec. ?Marchando com o progresso dizia ele o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro num ponto, modificar-se-á neste ponto; se uma nova verdade se revelar, aceita-la-á?

Coluna da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná ADE-PR. E-mail: adepr@adepr.com.br.

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