O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, alerta que "nenhum país está imune à crise internacional" gerada nos mercados de crédito. Zoellick, porém, aposta no crescimento das economias da Índia e da China, apontando que o Brasil pode pegar carona no desempenho desses países emergentes e continuar exportando. Já a ONU soa um sinal de alerta e aponta que a crise imobiliária pode ser apenas "a ponta do iceberg" em termos de efeitos para os mais pobres.
Segundo Zoellick, o primeiro estágio da crise, há seis meses, fez com que o risco dos países emergentes subisse. Os níveis acabaram recuando. "Agora, alguns emergentes que tentaram emitir papéis de suas dívidas no exterior não conseguiram obter o que esperavam. "O setor corporativo está de olho. Há uma cautela apropriada e precisamos acompanhar de perto a situação", afirmou.
Zoellick deixa claro que não acredita que haverá uma classe de países que não será afetada pela crise. Por alguns meses, uma das teses era de que as economias emergentes poderiam ficar fora da turbulência, já que os mercados fariam a distinção entre aqueles que apresentam riscos e os demais. "Não acredito que países sejam imunes e não acredito na tese do descolamento (entre ricos e emergentes)", afirmou. "Alguns dos efeitos no setor comercial e no setor financeiro vão ser sentidos", alertou.
Mesmo assim, ele destaca o fato de que há novos pólos de crescimento no mundo. "O que é surpreendente na diferença entre essa crise daquelas dos anos 80 e 90 é o crescimento contínuo dos países emergentes. Isso é muito saudável. Antes, as crises começavam nos emergentes. Hoje, começam nos países ricos e se movem para os emergentes", afirmou.
Brasil
Sobre o Brasil, Zoellick acredita que o País pode continuar crescendo se China e Índia também tiverem um bom papel, continuando a importar matérias-primas. "A China e a Índia mostraram boas taxas de crescimentos e isso tem um impacto no Brasil, principalmente diante do fluxo de comércio que o Brasil tem", disse.
ONU
Na ONU, o alerta é de que a crise imobiliária nos Estados Unidos seja apenas a ponta do iceberg e que o impacto social pode ser profundo. "O modelo de moradia precisa mudar", afirmou o relator da ONU para o direito à moradia, Miloon Khotari. "Não se pode depender apenas do mercado para garantir esse direito e os Estados precisam se dar conta que casas populares precisam ser construídas", disse.