“As pessoas que se amarraram à família presidencial acabarão seus dias…calcinados!”. A frase foi pronunciada pelo ex-presidente Carlos Menem em referência aos aliados políticos do denominado “casal presidencial”, a presidente Cristina Kirchner e seu marido, antecessor e atual “primeiro-cavalheiro” Néstor Kirchner. Menem, em tom apocalíptico, profetizou: “no meio do desastre em que estamos mergulhados, e com o desastre novo que se aproxima, o governo só vai proporcionar lava ardente”.
No início da semana, foi a vez do ex-presidente Eduardo Duhalde afirmar que já começou a fase do “pós-kirchnerismo”. Duhalde atacou o casal presidencial, afirmando que eles são “doentes do poder”. Ontem (30), o senador Carlos Reutemann, eterno presidenciável, declarou que se apresentará como candidato presidencial. Reutemann, ex-piloto de Fórmula Um, pertence ao mesmo partido dos Kirchner, o Justicialista (Peronista). Reutemann é considerado como um forte candidato a ser respaldado pelas alas dissidentes do Peronismo, que afastaram-se dos Kirchner ao longo do ano.
Ao longo de 2008, o casal Kirchner perdeu o respaldo de parte dos governadores, além da hegemonia que possuía no Parlamento. Diversos políticos preferem não aparecer ao lado da presidente, para evitar serem alvos de vaias. A própria presidente atualmente escolhe a dedo as cidades onde realiza atos públicos, para não correr o risco de manifestações contra sua presença.
Eleições
Um dos exemplos de lugares que a presidente evita no momento é Rafaela, com 100 mil habitantes, na província de Santa Fe. A cidade – onde ela venceu a eleição presidencial com 35% dos votos – era citada com freqüência por Cristina como “modelo” para todo o país. Mas, um ano depois da posse da presidente, a cidade a repudia. Uma pesquisa realizada pelo jornal “Castellanos” indicou que 80% dos entrevistados avaliam negativamente o governo Cristina.
O analista de opinião pública Eduardo Fidanza prevê um cenário negativo para os Kirchner nas decisivas eleições parlamentares do próximo outubro. Segundo ele, 50% dos pesquisados indicam que votarão em partidos da oposição. Outros 25% estão indecisos. E apenas 25% afirmam que votarão no governo de Cristina Kirchner.
As eleições parlamentares deste ano são consideradas cruciais para definir o “ringue” político das eleições presidenciais de 2011.
