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Para FHC, uso da força na Venezuela teria ‘custo muito elevado’

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou neste sábado, 6, que a crise na Venezuela precisa ser resolvida por “maturação interna” do próprio povo do país e que tentar resolver a situação pelo uso da força teria um “custo muito elevado”. Para Cardoso, o Brasil precisa refletir antes de pensar em adotar uma saída dessa natureza. “Não creio que seja o melhor caminho uma intervenção militar na Venezuela. Há muitas coisas em jogo”, comentou.

Ele disse que discussões teóricas sobre o restabelecimento da democracia na Venezuela não levam em conta que “existe um povo” no país.

Para o tucano, existem alinhamentos “complexos” de países: de um lado, Rússia e China dão suporte ao regime de Nicolás Maduro. De outro, o bloco de países que pressiona pela saída do presidente venezuelano.

“Eu creio que o governo de Brasil tem uma responsabilidade e tem que se dar conta de que há interesses grandes que não são os nossos necessariamente, não há por que nos juntarmos automaticamente a interesses que não são os nossos”, afirmou o ex-presidente.

O Brasil, através do Grupo de Lima, tem aumentado a pressão diplomática sobre o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, e reconheceu o opositor do chavismo, Juan Guaidó, como presidente interino.

Os Estados Unidos têm adotado a estratégia de deixar no ar a possibilidade de uma intervenção militar. O presidente americano, Donald Trump, repete que “todas as opções estão na mesa” quando o assunto é Venezuela.

Quando esteve na Casa Branca em março, o presidente Jair Bolsonaro endossou a tática americana e não foi claro sobre o eventual apoio do Brasil a uma ação militar no país vizinho. Depois, no Chile, Bolsonaro afirmou que isso não está em discussão. Os militares brasileiros rechaçam qualquer tipo de apoio a uma ação militar.

“Cada país tem que tomar decisões sobre até que ponto vai se meter”, disse FHC. “A verdade é que há uma maturação que tem que ser, em grande medida, uma maturação interna. Se não há, é inútil, é uma perda de oportunidade”, disse o ex-presidente, ao dizer que a pressão internacional precisa ser coordenada com um momento doméstico de transição democrática. “Nossa missão é seguir conversando com venezuelanos para que se deem conta disso”, afirmou o ex-presidente.

“Conheci muito Chávez. Era muito impulsivo. Toda vez que me chamava ‘meu mestre’, eu dizia: ‘Por favor, não diga isso”, afirmou.

Para ele, a Venezuela hoje é um país perdido, sem saber para onde vai caminhar. “Qual é o sonho latino-americano? Há um sonho em comum? Se existir, temos de buscá-lo. Mas, neste momento, há a perda de um sentimento de que temos algo em comum.”

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