Como desejava o Brasil, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco de 12 países criado em 2004, tornou-se a arena de discussão da cisão entre Colômbia e Venezuela. Mas segundo analistas, a instituição é demasiadamente frágil e polarizada para dar à crise uma solução efetiva, capaz de ir além do tradicional falatório sul-americano.
O bloco foi idealizado pela diplomacia brasileira, numa tentativa de limitar a influência de Washington na América do Sul. Enquanto era presidente argentino, o atual secretário-geral do bloco, Néstor Kirchner, chegou a qualificar a Unasul de “criação do Brasil”.
O bloco teve sucesso em afastar-se dos Estados Unidos, mas acabou sem nenhum “fiador”, aponta Tullo Vigevani, professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp). “Não há um país que dê garantias, que cubra os custos e decisões da Unasul. A responsabilidade recairia sobre o Brasil, o gigante da região, mas o País não está disposto – ou não tem condições – de ser esse fiador.”
Clodoaldo Bueno, historiador da diplomacia brasileira, vai mais longe e diz que a “clara opção” do Brasil pela Venezuela retira a credibilidade do bloco. “Com o Brasil, o principal país da região, tão próximo do (venezuelano Hugo) Chávez, a Unasul ameaça ser mais um projeto de integração sul-americana a cair na irrelevância.”