Para um presidente que no mês passado, durante a cúpula de 60 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), pediu “um mundo livre de armas nucleares”, o teste norte-coreano de ontem poderia significar um banho de água fria ao mandatário dos Estados Unidos. Porém, analistas evitam conclusões imediatas. Barack Obama já teria demonstrado certa herança “churchilliana”, afirmam, e a nova crise com Pyongyang pode servir como oportunidade única para, finalmente, levar a questão nuclear ao topo da agenda internacional.
Com o fim da Guerra Fria, o controle de armamento e o temor de um holocausto nuclear – ou Destruição Mútua Assegurada (MAD), segundo o jargão militar – “deixaram o centro do palco”, disse Lawrence Korb, do liberal Center for American Progress. “Mas hoje a proliferação é questão-chave nos pontos mais sensíveis: Irã, Paquistão, Israel e o mundo árabe, Rússia, terrorismo, etc.”
Em seu discurso na Otan, em 5 de abril, Obama admitiu que o objetivo de esvaziar arsenais era “um sonho” (horas depois, Pyongyang testaria um novo míssil). Mas falar sobre proliferação à aliança dos tempos da Guerra Fria foi “extremamente simbólico”, afirma Korb, e um indicativo da importância que Obama dá ao assunto.
Se o destaque dado ao tema pode mudar com o teste de ontem, o modo como é conduzida a política contra a proliferação nuclear deverá permanecer inalterado, afirma o especialista. O conservador James Pinkerton, do centro New American Foundation, compartilha a opinião em relação à Coreia do Norte. “Obama simplesmente recicla as políticas de George W. Bush, com porretes e cenouras ineficientes”, afirma.