O Paquistão convocou nesta segunda-feira (16) o embaixador do Afeganistão em Islamabad, Mohammed Anwar Anwarzai, para apresentar um protesto formal contra a ameaça do presidente afegão, Hamid Karzai, de enviar tropas para combater militantes islâmicos em solo paquistanês. Ontem, Karzai alegou que o país teria o direito de enviar tropas ao Paquistão porque combatentes da milícia fundamentalista islâmica Taleban e da rede extremista Al-Qaeda cruzam a fronteira para lançar ataques contra forças afegãs e estrangeiras.
Apesar de parecer improvável que Cabul leve adiante a ameaça, a crise representa um novo revés para as relações entre dois aliados dos Estados Unidos na chamada guerra ao terrorismo.
Mohammed Sadiq, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, informou que o embaixador afegão Mohammed Anwar Anwarzai foi convocado à sede da chancelaria paquistanesa. A Embaixada do Afeganistão em Islamabad confirmou a informação.
Por meio de um comunicado, o ministro paquistanês das Relações Exteriores, Shah Mahmood Qureshi, qualificou os comentários de Karzai como "ameaçadores" e "lamentáveis". Qureshi disse que deixaria "absolutamente claro que o Paquistão defenderá sua soberania territorial".
No leste do Afeganistão, clérigos, anciões e populares realizaram manifestação de apoio a Karzai em pelo menos quatro cidades. Muitos dos participantes disseram-se prontos para atender ao chamado do presidente e pegar em armas. O apoio a Karzai é forte nessa região.
Em Londres, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, não endossou a ameaça de Karzai e afirmou que Washington ajudaria a solucionar a crise.