As forças de segurança paquistanesas vasculharam no domingo (7) um campo usado por militantes acusados de envolvimento nos atentados em Mumbai, na Índia, que mataram mais de 170 pessoas. Mais de dez pessoas foram presas no Paquistão – alguns funcionários do setor de inteligência apontaram 15 presos -, na primeira resposta prática do país aos ataques. A identidade dos detidos não havia sido revelada. O jornal Dawn afirmou que um deles é Zaki-ur-Rehman Lakhvi, suposto militante apontado por Nova Délhi como um dos organizadores dos ataques.
A Índia e os Estados Unidos suspeitam que militantes sediados no Paquistão planejaram e cometeram os atentados. Com isso cresceu o temor na relação entre os vizinhos do sul da Ásia, ambos nações com armas nucleares, que já travaram três guerras.
O governo civil do Paquistão sofre bastante pressão internacional para combater os extremistas e demonstrar que não há vínculos entre eles e o poderoso setor de inteligência nacional. O governo indiano afirma que os ataques foram organizados e cometidos por militantes do Laskhar-e-Taiba, um grupo militante paquistanês acusado de outros ataques em território indiano.
Incursão
Segundo dois militantes, as tropas paquistanesas trocaram tiros com supostos extremistas na operação de ontem no campo Muzaffarabad, perto da cidade de mesmo nome, no lado paquistanês da Caxemira, uma região disputada entre os dois países. Os militantes afirmam que o local foi usado até 2004 pelo Laskhar-e-Taiba para treinar militantes dispostos a enfrentar o governo indiano na Caxemira. Mais recentemente, foi usado pela Jamaat-ud-Dawa, uma organização ligada ao Laskhar, para educação e trabalho de caridade, de acordo com os próprios militantes.
Um funcionário graduado do setor de inteligência indiano afirmou que foi usado um helicóptero na operação. Segundo ele, mais de 12 detidos estavam sendo interrogados sobre sua possível relação com os ataques em Mumbai. Outros funcionários afirmaram que o número exato de presos é 15.
Analistas apontam que o Laskhar foi criado com a ajuda do setor de inteligência paquistanês, na década de 1980. A função inicial do grupo seria apoiar as forças que combatem a presença indiana em parte da Caxemira. Hoje, o fundado do Laskhar, Hafiz Saeed, afirmou que a incursão contra o grupo era “um sinal de fraqueza” do governo paquistanês. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
