O papa Francisco criará um comitê no Vaticano para lutar contra abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes por religiosos e oferecer ajuda às vítimas. A iniciativa foi anunciada nesta quinta-feira, 5, dois dias depois de a Santa Sé se recusar a revelar à Organização das Nações Unidas (ONU) quais medidas teriam sido tomadas no passado para punir membros do clero que tivessem cometido crimes sexuais.

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Desde o primeiro dia do pontificado, o argentino Jorge Bergoglio indicou que a luta contra a pedofilia era uma prioridade, até mesmo para restaurar a credibilidade da Igreja. Nesta quinta-feira, após uma reunião com o grupo de oito cardeais que o assessora na reforma do Vaticano, Francisco autorizou a iniciativa.

O anúncio coube ao cardeal americano Sean O’Malley, arcebispo de Boston, nos Estados Unidos. De acordo com o cardeal Sean, o novo grupo estabelecerá um código de conduta ao clero e regras gerais para a Igreja e monitorar o comportamento de padres pelo mundo. O comitê terá a tarefa de promover medidas para prevenir novos casos.

A escolha de um norte-americano para fazer o anúncio é emblemática. A Igreja nos EUA tem sido afetada por escândalos de pedofilia. “Até agora, vemos um foco muito grande na parte judicial da questão, mas a parte pastoral é muito importante e o papa está preocupado com isso”, disse o cardeal Sean, que insiste em que os esforços da Igreja começaram com o papa Bento XVI. Entidades independentes e grupos de vítimas acusam Bento XVI de abafar casos.

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Rigor

Francisco já havia modificado leis do Vaticano para facilitar a abertura de ação judicial contra religiosos e funcionários. Entidades de Direitos Humanos, porém, foram surpreendidas no início da semana quando a Santa Sé se recusou a responder a um questionário da ONU sobre o que o Vaticano fez para punir autores de crimes desde 1995.

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Em 16 de janeiro, a ONU avaliará, publicamente, as políticas adotadas pela Santa Sé em uma reunião que promete causar polêmica. O Vaticano afirmou que não responderá à ONU porque as punições, quando existiram, foram implementadas pelo Poder Judiciário onde estavam os religiosos. A Santa Sé indicou que punições da Igreja não são públicas. Sobre a sabatina da ONU, o cardeal que o papa vê a reunião como uma “oportunidade de o Vaticano demonstrar seu desejo de ajudar”. O Vaticano disse que os procuradores investigam “milhares de casos de abusos”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.