O papa Bento XVI pediu que os católicos evitem julgar os pecadores, um dia depois de criticar os bispos da Irlanda pelo modo como lidaram com meio século de abuso sexual de menores por clérigos irlandeses. Em sua aparição dominical na Basílica de São Pedro, o pontífice não mencionou a carta em que criticou a hierarquia da igreja católica da Irlanda.
Bento XVI citou a passagem bíblica em que Jesus convida aqueles que não têm pecados a atirarem a primeira pedra contra uma adúltera. “Ao tomar conhecimento de seu pecado, Ele não a condena, mas pede que ela não peque mais”, disse o papa em um pronunciamento em inglês.
O papa afirmou que Jesus ensinou as pessoas a não julgarem ou condenarem os outros. “Vamos aprender a ser intransigentes com os pecados, começando pelos nossos, e clementes com as pessoas”, disse Bento XVI.
Enquanto isso, na Alemanha, a revista Focus afirmou hoje que o chefe da Conferência de Bispos Alemães reconheceu que a igreja Católica Romana conscientemente escondeu casos de abuso sexual. O arcebispo Robert Zollitsch, de Freiburg, disse que, embora a maior parte dos casos tenha acontecido fora da igreja, “ataques que aconteceram em tal quantidade dentro de nossas instituições me envergonham e me assustam”.
Na carta divulgada ontem pelo Vaticano, Bento XVI afirmou que os bispos irlandeses cometeram graves erros de julgamento com relação aos abusos. No entanto, o papa não atribuiu às políticas do Vaticano que mantiveram os abusos em segrego a responsabilidade por tornar a situação pior, como vítimas na Irlanda, EUA e em outros países afirmaram. Bento XVI também não determinou qualquer punição para os bispos irlandeses.