Papa pede perdão e promete atuar contra abusos

Cercado por 15 mil religiosos vestidos de branco, o papa Bento XVI suplicou pelo perdão das vítimas de abusos de clérigos durante uma missa na Praça de São Pedro e prometeu “fazer todo o possível” para proteger as crianças de todo o mundo. Embora simbólica, a promessa feita hoje não foi satisfatória para grupos de vítimas, que disseram que as promessas são inúteis sem uma ação definida para extirpar os clérigos pedófilos da Igreja, expor os bispos que os protegeram e alterar as políticas e a cultura do Vaticano que permitiram que os abusos continuassem por décadas.

As declarações do papa foram feitas durante a homilia que marcou o encerramento do “Ano do Padre”, um ano marcado por revelações de centenas de novos casos de abusos cometidos por clérigos na Europa, América Latina e em outras partes do mundo, bispos que as acobertaram e evidências da longa falta de ação do Vaticano.

Bento XVI deu a entender que o demônio estava por trás dos acontecimentos, dizendo que o “Ano do Padre” deveria ter sido um ano de celebração do sacerdócio e o encorajamento de novas vocações. “Era esperado que essa nova irradiação do sacerdócio não favorecesse o ‘inimigo’ – ele preferiria vê-la desaparecer, de forma que Deus fosse, em última instância, afastado do mundo”, disse o papa, aplaudido pelos sacerdotes.

 

“Tanto isso aconteceu que no ano de júbilo pelo sacramento do sacerdócio, os pecados dos padres vieram à luz – particularmente o abuso de pequenos”, disse ele. “Nós também imploramos o perdão, insistentemente, de Deus e das pessoas envolvidas, ao mesmo tempo em que prometemos fazer todo o possível para assegurar que tais casos nunca ocorram novamente.”

Ele prometeu que a Igreja fará “tudo o que puder para verificar a autenticidade das vocações (dos padres) e se esforçar para acompanhar os padres ao longo de suas jornadas, de maneira que Deus os irá proteger e olhar por eles em situações difíceis”.

 

As declarações de Bento XVI foram semelhantes às que ele fez, segundo o Vaticano, durante uma reunião privada com vítimas de abusos em Malta em abril, quando o pontífice ouviu as histórias de homens molestados por padres quando crianças.

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