O papa Francisco nomeou nesta segunda-feira (06) a primeira mulher para o comando de um dicastério (similar a um ministério) do Vaticano, a Irmã Simona Bramblia. A decisão marca um importante passo para o legado do religioso, que se comprometeu a expandir a liderança feminina na Igreja Católica em seu pontificado.

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Mulheres podem comandar dicastérios desde 2022. Mas elas só tinham ocupado posições secundárias ou interinas neles até o momento, sem jamais assumir suas chefias.

Eram estes os casos de Raffaella Petrini, número dois do governo da Cidade do Vaticano; Barbara Jatta, diretora dos Museus do Vaticano; Alessandra Smerilli, secretária interina do escritório de desenvolvimento do Vaticano; e Nathalie Becquart, co-subsecretária do escritório do Sínodo dos Bispos.

Além disso, apesar da mudança teórica, na prática nem todo dicastério é acessível para as mulheres. Só homens podem ser sacerdotes no catolicismo; o Dicastério para os Bispos e o Dicastério para o Clero têm, necessariamente, chefias masculinas, desse modo.

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Este não é o caso do departamento que Bramblia assume, o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, que supervisiona as ordens religiosas. Mesmo assim, segundo a Associated Press, um homem, Ángel Fernández Artime, foi apontado como seu vice, ou co-líder. Atribuições do responsável pela pasta incluem celebrar missas e realizar outras funções ligadas aos sacramentos, que só podem ser desempenhadas por homens, afinal.

Quem é a Irmã Simona Bramblia

Brambilla, 59 anos, nasceu em Monza, na Itália, e se formou em enfermagem antes de entrar para a vida religiosa, em 1988. Ela foi missionária em Moçambique e foi eleita diretora da congregação a que pertence, o Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata, em 2011 e em 2017. Ela já atuava no dicastério que comandará desde 2019.

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Francisco prega a abertura da Igreja a grupos de alguma maneira às margens dela, o que inclui as mulheres. Durante o seu pontificado, observou-se um aumento na porcentagem de funcionárias femininas no Vaticano e na Santa Sé, de 19,3% em 2013 para 23,4% em 2023, mostram dados reproduzidos pelo portal Vatican News.

Críticos afirmam que as transformações não são suficientes, no entanto, e ressaltam que seja na cúpula da Igreja ou nas paróquias locais, mulheres, em geral irmãs consagradas, são comumente relegadas ao papel de empregadas domésticas de padres, bispos e cardeais, quase sempre sem nenhum direito reconhecido.