O papa Francisco reconheceu as Teorias do Big Bang e da Evolução como corretas e disse que elas não são incompatíveis com a existência de um criador. As declarações foram feitas na segunda, 27, em evento na Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano. “Quando lemos no Gênesis (primeiro livro da Bíblia) sobre a criação, corremos o risco de imaginar que Deus tenha agido como um mago, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas. Mas não é assim”, disse.

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Em seguida, ele ressaltou que a Teoria do Big Bang, a explicação mais aceita pela comunidade científica atualmente para a origem do mundo, não se opõe à necessidade de existência do criador divino.

O papa demonstrou concordar com a Teoria da Evolução e lembrou, entretanto, que ela “requer que, antes, os seres tenham sido criados”. “Deus criou os humanos e permitiu que se desenvolvessem seguindo leis internas que deu a cada um para que alcançassem sua realização”, afirmou Francisco.

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Órgão de atuação independente da Igreja – apesar de, na maior parte, ser financiado por ela -, a Pontifícia Academia de Ciências foi fundada em 1603, sob o nome de Academia dos Linces. É formada por 80 pesquisadores de todo o mundo, todos nomeados vitaliciamente pelo papa. Na atual plenária, aberta no dia 24 e encerrada ontem, os cientistas discutiram justamente “a evolução do conceito de natureza”.

“Para a Igreja e a teologia, não há nada de novo. O papa Francisco, na verdade, está falando para o povo, manifestando essa ideia de maneira mais simples. Essas hipóteses científicas são discutidas na Igreja há mais de 80 anos”, disse o teólogo Fernando Altemeyer, professor de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “O que Francisco quer dizer não é que a Igreja vai se meter nas questões científicas, mas que essas hipóteses não afetam a fé em Deus.”

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Altemeyer disse que, “desde Pio XII, há uma corrente de papas abertos ao pensamento científico”. “João Paulo II falou sobre Galileu (leia mais nesta página), Bento XVI também promoveu diálogo com a ciência.”

“Não há nenhuma novidade na fala (do papa Francisco)”, disse o teólogo Afonso Ligorio Soares, também professor da PUC-SP. “As questões do Big Bang e da Evolução são tranquilas para a Igreja, pois essa é a sua posição desde 1943, quando houve um grande avanço com a publicação da carta encíclica Divino Afflante Spiritu, na qual o papa Pio XII declara que a Igreja aceita tais teorias como hipóteses.”

Ciência

Se as declarações do papa foram em tom conciliatório com a ciência, os participantes do evento também pareciam afinados com as preocupações sociais do papa. Em entrevista veiculada pela Rádio Vaticano, o físico Vanderlei Salvador Bagnato, professor da Universidade de São Paulo (USP), membro da Academia e participante da plenária, ressaltou que é papel dos pesquisadores a preocupação com problemas sociais.

“A ciência tem de assumir sua responsabilidade social. Queremos avançar em termos de conhecimento, mas também temos de colaborar para a resolução dos importantes desafios que a sociedade está enfrentando”, disse. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.