O papa Francisco criou um novo tribunal no Vaticano para investigar casos de bispos que não protegeram menores de abuso sexual por parte de sacerdotes, o passo mais importante dado pela Santa Sé sobre o assunto.
Durante anos, o Vaticano tem sido criticado por grupos defensores de direitos humanos por não castigar ou retirar do cargo bispos que acobertaram sacerdotes que violaram ou abusaram de crianças.
O Vaticano informou nesta quarta-feira que Francisco aprovou as propostas feitas pela junta assessora sobre abuso sexual. Será criado um mecanismo sob o qual a Igreja poderá revisar queixas de abuso arquivados por dioceses.
Além disso, será estabelecida uma sessão judicial especial dentro da Congregação para a Doutrina da Fé que “julgará os bispos a respeito de crimes de abuso de cargo relacionados com abusos de menores”, informou o comunicado da Santa Sé.
A Congregação está revisando atualmente todos os casos de sacerdotes que abusaram de menores.
O Vaticano informou ainda que o cardeal Sean O’Malley, chefe da comissão especial de abusos, apresentou a proposta aos cardeais assessores do pontífice, que estão reunidos nesta semana. O painel aprovou as medidas, assim como Francisco, que autorizou financiamento para a equipe da nova comissão.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, informou que agora há um processo específico no qual a Santa Sé poderá lidar com bispos que são negligentes ao manejar os casos de abuso em seus territórios.
A lei canônica prevê sanções para os bispos negligentes com seus deveres, porém não há relatos de que o Vaticano tenha castigado um prelado que teria encoberto a um abusador. “Agora o processo está definido”, defendeu Lombardi. Fonte: Associated Press.