Bobby Seale, um dos fundadores do Black Panther Party (Partido dos Panteras Negras), decidiu recorrer aos tribunais para defender o histórico grupo contra o New Black Panther Party for Self Defense (Novo Partido dos Panteras Negras para Autodefesa), um grupo radical negro acusado de ser extremista, racista e anti-semita.
“Tiraram-nos o nome, arrancaram nossa história”, comentou irritado Seale, que decidiu contratar um advogado junto com Frederika, viúva de Huey Newton (outro dos fundadores), e os líderes David Hilliard e Elaine Brown.
Os novos Panteras Negras não são realmente um novo problema para os antigos militantes. A ala mais extremista do movimento está ativa desde o fim da década de 80, ainda que durante muito tempo seus antigos dirigentes a considerassem mais um aborrecimento que uma ameaça.
No ano passado, no entanto, o líder dos Novos Panteras, Malik Shabazz, aumentou a intensidade de seu discurso, lançando mensagens mais radicais, mais violentas e anti-semitas. “Eles estão causando um dano irreparável à nossa credibilidade”, declarou Hilliard, que nos anos 60 era o braço direito de Seale, então um dos extremistas mais procurados pelo FBI.
Shabazz, um advogado de Washington de 35 anos, reagiu às acusações afirmando que “os Panteras não pertencem a ninguém: são uma imagem que pertence ao povo”. Segundo o dirigente, os antigos líderes não passariam de “um grupo de velhos revolucionários ciumentos e fracassados”.
Os ataques culminaram com a decisão da “velha guarda” de recorrer à Justiça. Seu advogado, Andrew Gold, comunicou a Shabazz que o novo grupo deve a partir de agora “evitar qualquer menção ou vínculo com os Panteras Negras, incluindo o uso do nome, símbolo e fotos de Newton e Seale”.
Para resguardar os direitos de seus clientes, o advogado registrou o nome e o símbolo do Black Panther Party, tornando os antigos militantes os “legítimos proprietários” da organização perante a lei.