Centenas de representantes de entidades civis e grupos políticos palestinos iniciaram greves de fome em Belém (na Cisjordânia ocupada) e em Gaza, em solidariedade a Khader Adnan Musa, ex-porta-voz do grupo Jihad Islâmica. Adnan, preso pelos militares israelenses em 17 de dezembro, entrou nesta quarta-feira no 60º dia de sua greve de fome.
Em Gaza, os manifestantes ergueram tendas ao lado da sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Em Ramallah, cerca de mil manifestantes saíram às ruas exigindo a libertação de Adnan; houve choques com a polícia, que usou gás lacrimogêneo e disparou balas de borracha. Em Hebron, na Cisjordânia, centenas de pessoas participaram de uma manifestação com a presença do ministro palestino para Assuntos de Prisioneiros, Issa Qaraqa. “Khader Adnan tornou-se um símbolo nacional, um símbolo árabe e um símbolo internacional para a defesa da dignidade dos homens livres em todo o mundo”, disse Qaraqa.
Adnan, um padeiro de 34 anos residente em Jenin, foi sentenciado por um tribunal militar de Israel a quatro meses de “prisão administrativa”, sem que nenhuma acusação tenha sido feita contra ele. Na última segunda-feira, um tribunal militar israelense rejeitou um apelo por sua libertação apresentado por seu advogado, Jawad Bulus. Nesta quarta-feira, Bulus apresentou um pedido urgente por sua libertação ao Supremo Tribunal israelense.
“Apresentamos o pedido na manhã de hoje e requisitamos uma audiência imediata, por causa da seriedade da condição dele”, disse o advogado, que visitou Adnan na terça-feira e relatou as “condições desumanas” de sua detenção. Nesta quarta, Adnan recebeu no hospital Rebecca Ziv, em Safed, a visita de sua esposa, Randa, e suas duas filhas. Segundo a agência palestina de notícias Ma’an, Randa disse que está “muito preocupada” com as chances de sobrevivência de seu marido e que ele “não encerrará sua greve de fome sem que sua causa avance”.
Segundo o jornalista Ali Abinimah, da electronicintifada.net, o prisioneiro também foi visitado por seu pai, Jihad Khaled Adnan, que disse que “ele não está fazendo greve de fome por sua própria causa, mas pela liberdade de seu povo, por seus conterrâneos, para que vivam com a cabeça erguida, sem ocupação”.
A organização Médicos pelos Direitos Humanos/Israel disse, depois de seus representantes visitarem Adnan, que ele “está em perigo imediato de morte. Um jejum por mais de 70 dias não permite sobrevivência”. A greve de fome mais longa de que se tem notícia foi feita pelo ambientalista indiano Swami Nigamanand, em protesto contra a mineração predatória às margens do rio Ganges, por 115 dias, de 19 de fevereiro até sua morte, em 13 de junho do ano passado.
Os médicos divulgaram comunicado dizendo que Adnan está “acorrentado à cama pelas duas pernas e um braço. “Ele sofre com dores estomacais, vômitos, às vezes com sangue, e dores de cabeça”. O prisioneiro “está completamente lúcido e ciente de sua condição médica” e perdeu 30 kg de peso.