Os palestinos ameaçaram nesta quarta-feira retomar a campanha por reconhecimento internacional nas Nações Unidas (ONU) se Israel suspender a libertação de prisioneiros palestinos, aprofundando uma crise que ameaça atrapalhar os esforços dos Estados Unidos para negociar a paz no Oriente Médio.
Israel prometeu libertar 104 prisioneiros palestinos em quatro grupos no estabelecimento da atual rodada de negociações em julho. A quarta e última libertação deveria ocorrer em 29 de março. Nos últimos dias, Israel sinalizou que pode não libertar o quarto grupo de prisioneiros. O negociador-chefe de Israel, Tzipi Livni, disse em entrevista coletiva ontem que Israel nunca se comprometeu com as libertações e que a decisão dependerá do progresso dos últimos meses de negociação. Depois de meses de impasse, Israel busca estender as discussões além do atual prazo para obter um acordo de paz, que termina no fim de abril.
O representante palestino Nabil Shaath disse nesta quarta-feira que os palestinos iriam retomar “imediatamente” a campanha na ONU se Israel voltar atrás na libertação. Os palestinos congelaram os esforços nas Nações Unidas como parte de um pacote intermediado pelos Estados Unidos que permitiu a retomada das negociações de paz no ano passado. “Nós nos comprometemos a não fazer apelos às agências da ONU, e Israel se comprometeu em libertar 104… prisioneiros em quatro grupos”, assinalou. “Esse era o acordo. Se Israel violá-lo, nós também o faremos.” Israel condenou a campanha nas Nações Unidas como uma tentativa dos palestinos de burlar as negociações de paz.
A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Jen Psaki disse hoje que os Estados Unidos apoiam a libertação de prisioneiros. “É parte do que foi acordado entre as partes”, assinalou.
Também nesta quarta-feira, um oficial de segurança da Palestina disse que tropas israelenses mataram um adolescente palestino no sul da Cisjordânia. Segundo a autoridade, que falou em condição de anonimato, Yussef Sami Shawamreh, 15 anos, foi morto pelo exército israelense perto da barreira de separação, próximo da aldeia Al-Ramadin, e indicou que o corpo ainda estava com os militares. O Exército israelense não comentou o assunto imediatamente.
Enquanto isso, o governo da cidade de Jerusalém informou hoje que concedeu licenças de construção para 184 unidades habitacionais em áreas judaicas de Jerusalém Oriental. Cerca de 550 mil israelenses vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, áreas que os palestinos desejam como parte de um futuro Estado, junto com a Faixa de Gaza. Israel considera Jerusalém Oriental, capturada na guerra de 1967, como parte de sua capital. Fonte: Associated Press.