A mais importante reunião sobre o futuro das espécies e dos recursos naturais do planeta está em curso no Japão. A COP-10 da Convenção sobre Diversidade Biológica, que começou anteontem em Nagoya, representa para a conservação da biodiversidade o que a COP-15 da Convenção sobre Mudança do Clima significou para o combate ao aquecimento global no ano passado, em Copenhague. Com um destaque ainda maior para o Brasil.
Representantes de 193 nações signatárias da convenção (as chamadas “partes”) terão até a noite do dia 29 (ou madrugada do dia 30, dependendo do andamento das negociações) para superar suas diferenças e chegar ao fim do evento com uma lista de compromissos capazes de garantir a conservação e o uso sustentável da biodiversidade pelos próximos dez anos. Algo que a convenção não conseguiu fazer até agora, em seus 16 anos de operação. Nenhuma das 21 metas estabelecidas para este ano foram cumpridas.
“A hora de agir é agora, e o lugar para agir é aqui, em Nagoya”, disse o secretário executivo da convenção, Ahmed Djoghlaf, no discurso de abertura do evento. Uma frase que se ouvia bastante, também, em Copenhague. Assim como no caso das mudanças climáticas, há divergências profundas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre a estipulação de metas e as responsabilidades de cada parte para que elas sejam cumpridas. A expectativa, porém, é que os resultados de Nagoya sejam mais animadores para a biodiversidade do que foram os de Copenhague para o clima.
A agenda de negociações inclui uma lista de 20 metas globais propostas para os próximos dez anos, no chamado Plano Estratégico 2011-2020. Entre elas, a eliminação de subsídios para atividades que degradam o meio ambiente, a redução do desmatamento, a sustentabilidade da pesca, o resgate de espécies ameaçadas, a criação de áreas protegidas e o auxílio financeiro para atividades de conservação nos países em desenvolvimento.
Todos concordam com os conceitos das metas. Mas os pontos mais críticos do texto de negociação continuam em aberto. Que subsídios serão cortados? Quanto do desmatamento será reduzido – tudo ou só metade? Quanto da superfície terrestre e dos oceanos terá de ser protegida? Quanto dinheiro os países ricos terão de dar aos pobres? São algumas das perguntas que farão diplomatas e ambientalistas perderem o sono nos próximos dez dias.