O acordo entre produtores de petróleo não membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a entidade acertado hoje envolveu 12 nações que não fazem parte do cartel, que se comprometeram com um corte na produção que supera os 600 mil barris por dia (bpd) de petróleo bruto. A maior parte do corte, de 300 mil barris por dia, é prometida pela Rússia, que também produz mais petróleo que qualquer outro país. Outras reduções de produção são prometidas por Omã, Azerbaijão, Sudão, Bahrein, Brunei e Bolívia, entre outros.
Segundo fontes, o volume total de corte alcançaria os 612 mil bpd, sendo 35 mil bpd a serem feitos pelo Azerbaijão, 12 mil bpd do Bahrein, 7 mil bpd de Brunei e 4 mil bpd da Bolívia.
O acordo se segue ao acerto feito anteriormente pelos membros da Opep de reduzir sua produção em 1,2 milhão de barris por dia, totalizando quase 2% de corte na oferta mundial de petróleo, que tem como objetivo elevar os preços e dar apoio a economias prejudicadas pelo mercado, que já registra dois anos de queda.
Analistas da indústria petrolífera disseram que os cortes na produção podem acelerar o reequilíbrio esperado do fornecimento global de petróleo com a demanda dos consumidores.
Um boom do petróleo americano nos últimos oito anos inundou o mercado. A Opep, especialmente seu maior membro, a Arábia Saudita, inicialmente aumentou sua própria produção para defender sua participação de mercado, abandonando seu papel tradicional de regular a oferta para manter os preços altos. Mas, os preços caíram mais e por mais tempo do que o setor esperava, chegando a um valor abaixo dos US$ 28 por barril neste ano, ante um patamar de mais de US$ 100 por barril em 2014.
Em meio a este cenário, membros da Opep como a Venezuela e a Nigéria sofreram desastres econômicos, enquanto a Arábia Saudita começou a queimar suas reservas de caixa para preencher a lacuna causada pela queda das receitas petrolíferas.
A Opep decidiu no último dia 30 de novembro voltar a sua forma antiga e cortar a produção para aumentar os preços, mas membros como a Arábia Saudita insistiram que a Rússia e outros países de fora do cartel também reduzissem sua produção.
Apesar do acordo deste sábado, grandes questões continuam pela frente. Os próprios membros da Opep têm um registro irregular de cumprimento de seus próprios acordos e não existe um meio juridicamente vinculativo de dissuadir os produtores dentro ou fora do cartel de não cumprir suas promessas.
Também permanece desconhecido quanto dos cortes prometidos neste sábado teriam ocorrido de qualquer maneira por causa de declínios naturais que eram esperados. Analistas do mercado de petróleo disseram que os preços não devem subir se muitos dos cortes forem de países cuja produção deve cair de qualquer maneira.
Ainda assim, o acordo representa um avanço diplomático para a Opep num momento em que o cartel de 13 nações passou a ter menos poder. É a primeira vez desde os anos 70 que uma coalizão de países cuja produção de petróleo equivale a mais de metade da oferta global se une para influenciar os preços da commodity. A própria quota de mercado da Opep não tem sido tão grande desde a década de 1970 e os acordos anteriores com produtores não membros do grupo foram menos abrangentes.
Fonte: Dow Jones Newswire