Países e grupos usam crianças como soldados

Governos de vários países, assim como grupos armados de vários outros, usam crianças como soldados, situação que se verifica no Congo, Burundi, Libéria, Colômbia, Filipinas, Sudão, Nepal, Uganda e Sri Lanka, denunciou um informe divulgado pela ONU.

É a primeira vez que o organismo internacional dá os nomes dos países onde governos ou grupos armados recrutam crianças e adolescentes para combates militares, disse a representante especial da ONU para crianças em conflitos armados, Olara Otunnu.

A Unicef (agência das Nações Unidas para a infância e adolescência) estima que cerca de 300 mil crianças em todo o mundo foram envolvidas em situações de guerra e porte de armas, a maioria delas na África e no leste da Ásia.

A organização não-governamental Desarme sustenta, no entanto, que o conceito de crianças-soldados deve ser ampliado para o de crianças combatentes, para englobar todos os menores de 18 anos que estiveram envolvidos em guerras mas também em conflitos civis ou outras situações de violência intensa com uso de armas.

O relatório da ONU acusa diretamente os governos da República Democrática do Congo, Burundi e Libéria de recrutar crianças como soldados. Nesses países, disse Otunnu, a mesma prática é realizada por grupos armados não governamentais.

O uso de crianças em guerras e conflitos armados representa uma violação flagrante da Convenção dos Direitos da Criança e de vários outros tratados de direitos humanos.

A ONG Desarme propôs adotar o conceito mais amplo de crianças combatentes para o caso de crianças envolvidas em conflitos de grande violência, como as organizações de narcotraficantes que atuam nas favelas do Rio de Janeiro.

A categoria de crianças-soldados não inclui, na verdade, os milhões de crianças em todo o mundo que são empregadas pelos grupos armados para participar na violência armada e intensa em países que não estão oficialmente em guerra mas têm taxas de homicídio por arma de fogo mais altas que algumas regiões em guerra civil, disse a organização Desarme em sua publicação na Internet.

Crianças são usadas por traficantes nas favelas do Rio de Janeiro

Acrescentou que em áreas como essas a participação de crianças e adolescentes na violência armada em escala parecida ou mais intensa que em algumas áreas consideradas zonas de conflito é considerada como crime ou delinqüência juvenil.

No Rio de Janeiro, os grupos de traficantes estão hierarquicamente estruturados desde os anos 80 e se tornaram uma presença abertamente armada e uma força política nas comunidades faveladas da cidade.

Desarme expressou que os cálculos disponíveis no Brasil informam que cerca de 4 mil crianças estão sendo usadas como combatentes por esses grupos. São crianças que usam armas e participam em intermitentes e intensos conflitos territoriais com outras facções.

Trata-se de grupos que são considerados responsáveis pela maioria das 3 mil mortes por arma de fogo que a cada ano se registram na cidade do Rio de Janeiro.

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