Em meio ao mal-estar político entre Estados Unidos e Brasil, três militares norte-americanos de alto escalão fizeram ontem uma visita ao general João Batista Bernardes, comandante do batalhão brasileiro no Haiti. Na conversa, eles discutiram a parceria que farão na ajuda humanitária e segurança da capital Porto Príncipe após o terremoto do dia 12. Os norte-americanos tiveram de dar explicações sobre o pouso de 20 helicópteros Black Hawk no gramado do Palácio Nacional, na terça-feira.

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Logo após o encontro, o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman, reuniu-se com o coronel Bernardes para falar sobre a reunião com os norte-americanos. Oficialmente, os EUA cuidarão apenas da ajuda humanitária, mantendo a segurança em mãos brasileiras. A visita foi encarada pelo comando militar brasileiro como estratégica para diminuir o desgaste entre os dois países. “É um gesto de boa-vontade”, avaliou Bernardes. “Eles vieram com o intuito de coordenar as ações em que estão atuando.”

O coronel disse que o desembarque dos helicópteros no Palácio Nacional, segundo relato dos norte-americanos, não passou de um “treinamento para usar o gramado como palco de resgate de sobreviventes”. Nas ruas da capital do Haiti, patrulhas dos EUA circulam com timidez, mas desempenhando algumas das funções que seriam das forças de paz, como a segurança de comboios. Os EUA estão controlando o aeroporto de Porto Príncipe.

Integrantes das tropas brasileiras não escondem, em conversas reservadas, o descontentamento com a posição norte-americana. Eles estão insatisfeitos com a divulgação do aumento da violência no Haiti após o terremoto e avaliam que isso faz parte de uma tática dos EUA para tirar do Brasil o controle da segurança no país.

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