Robert Oppenheimer, chefe da equipe de cientistas que descobriu a bomba atômica, foi membro do Partido Comunista dos Estados Unidos no início da década de 40, assegura o livro “Fraternidade da bomba”, recentemente lançado nos EUA.
Segundo seu autor, o historiador Gregg Herken, do Smithsonian Institute, o pai da bomba atômica americana foi um “ativo militante” do Partido Comunista, apesar de a acusação ter sido sempre negada por Oppenheimer até sua morte, em 1967.
No novo livro sobre o polêmico tema, Herken garante que Oppenheimer foi fundador de uma célula do partido na Universidade de Berkeley, Califórnia, entre o final da década de 30 e início dos anos 40, cooptando alguns dos mais brilhantes cientistas desse centro de estudos.
O cientista foi professor de Física dessa universidade antes de dedicar-se à fabricação da bomba atômica, no laboratório militar de Los Alamos.
No período macartista, durante o qual numerosas personalidades foram acusadas de ser membros ou colaborar com o Partido Comunista, investigadores do Congresso americano esmiuçaram o passado político do cientista, mas ele sempre negou categoricamente que tivesse sido filiado à agrupação.
Como novidade em sua investigação, Herken apresentou diversas cartas escritas por Oppenheimer ao seu colega da Berkeley Haakon Chevalier, nas quais menciona a formação de uma célula comunista na universidade.
De acordo com o historiador, Chevalier pediu autorização ao cientista para incluir essas cartas num livro que estava escrevendo em 1964, mas o pai da bomba atômica recorreu a um advogado para impedir a divulgação.
Chevalier preferiu ceder à pressão e no livro, publicado em 1965, apenas menciona vagamente a criação de um “grupo de discussão” em Berkeley, sem revelar que se tratava de uma célula comunista.
Herken ressaltou porém que não há indícios de que Oppenheimer tenha espionado para a ex-União Soviética ou que tivesse fornecido informações secretas para que Moscou pudesse construir sua própria bomba.