O nível da radiação aumentou bastante na água usada para o resfriamento no núcleo de um reator da usina Tsuruga, em Fukui, informou hoje a operadora da usina, Japan Atomic Power. O problema ocorreu por causa de um possível dano no revestimento da barra de combustível, segundo a companhia, mas não há vazamento de radiação para o ambiente.
A Japan Atomic Power afirmou que a monitoração semanal dos níveis de radiação no reator 2 de Tsuruga mostrou que a quantidade de iodo-133 havia aumentado para 4,2 becquerels por centímetro cúbico hoje, de 2,1 becquerels em 26 de abril. Os níveis de outro material, o xenônio-133, haviam subido para 3.900 becquerels por centímetro cúbico, de 5,2 becquerels por centímetro cúbico.
Pela lei japonesa, a companhia deve fechar um reator se a quantidade de um tipo diferente de iodo, o 131, na água usada para resfriamento subir acima de 40.000 becquerels por centímetro cúbico. A lei não prevê esses limites no caso do xenônio-133 e do iodo-133.
Levando-se em conta o nível de iodo-133, a água deve ter várias centenas de becquerels de iodo-131, porém bem menos que o limite legal, segundo um porta-voz da Japan Atomic Power, Koji Otake. “Nós checaremos a água todos os dias de agora em diante, para decidir se temos que desligar o reator baseando-nos nessas medições”, notou o porta-voz.
O aumento na concentração dos materiais radioativos pode ter sido causado por um pequeno buraco na placa de metal que recobre a barra de combustível, disse Otake. Falando sobre casos gerais, ele explicou que isso pode ocorrer por um problema no processo de manufatura do revestimento, ou se outro objeto entrou de alguma maneira na água e danificou esse revestimento.
Um pequeno vazamento de combustível na água usada para o resfriamento, causado por um pequeno furo no revestimento de metal, não é um fenômeno raro em usinas nucleares, lembrou Otake. Segundo ele, se esse for o problema no reator 2 de Tsuruga ele não será considerado um “incidente sério”. Quando esses acidentes ocorrem, a companhia geralmente substitui a barra de combustível.
Fukushima
Mesmo que o incidente não tenha grandes consequências, ele ocorre no momento em que os japoneses estão temerosos com a segurança de suas usinas nucleares. Autoridades e a companhia Tokyo Electric Power (Tepco) lutam para conter os efeitos do vazamento na usina Daiichi, em Fukushima, decorrente do terremoto e tsunami do dia 11 de março.
O engenheiro Mitsuhiko Tanaka, que esteve envolvido na elaboração do reator número 4 da usina Daiichi, disse que é improvável que o incidente na usina Tsuruga envolva o aumento da temperatura nas barras de combustível, e que, portanto, essa era uma situação muito diferente de Fukushima. “Porém, em circunstâncias normais, as substâncias radioativas não vazariam na água, portanto isso não é algo bom”, disse. “Eu acho que é por causa da qualidade ruim das barras de combustível”, avaliou. As informações são da Dow Jones.