Ministros das Relações Exteriores dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) manifestaram nesta quarta-feira (3) o apoio aos planos dos Estados Unidos de instalar um escudo antimísseis no Leste Europeu, apesar da forte oposição da Rússia. Os ministros disseram que as defesas planejadas pelos EUA na Polônia e na República Checa darão uma “contribuição substancial” para a proteção de aliados contra a ameaça dos mísseis balísticos de longo alcance.
A Rússia se opõe de maneira veemente à instalação do escudo no Leste Europeu e ameaça responder com a instalação de mísseis de curto alcance em Kaliningrado, um enclave russo às margens do Mar Báltico e na fronteira com a Polônia. Os EUA insistem na instalação do escudo antimísseis, segundo Washington, necessário para repelir um possível ataque do Irã. Segundo os EUA, o escudo não ameaça o arsenal balístico nuclear russo.
Todos os 26 aliados da Otan assinaram um documento que aprova a instalação do escudo norte-americano na Polônia e o sistema avançado de radares na República Checa. Dúvidas sobre o apoio dos aliados para o plano foram levantadas no mês passado, quando o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que o escudo antimísseis não trazia “nada à segurança”. “Ele complicará as coisas e fará elas retrocederem”, disse.
O comunicado de Sarkozy, após um encontro com o presidente russo Dmitry Medvedev, parecia contradizer seu apoio inicial ao escudo antimísseis. Alguns dias depois, no entanto, Sarkozy mudou de novo de idéia em Washington, ao dizer que o sistema de defesa antimísseis poderia “complementar” as defesas ocidentais contra uma ameaça do Irã.
Diálogo
Os chanceleres dos países da Aliança Atlântica concordaram nesta terça (2) em retomar o diálogo com a Rússia, que foi congelado após a guerra o país e a Geórgia em agosto deste ano. De qualquer maneira, eles criticaram a política de Moscou e insistiram que a retomada das conversações não significa uma volta à atmosfera de cooperação que existia antes no Conselho Otan-Rússia.
Com a oposição russa, os chanceleres dos países da Otan descartaram a entrada da Ucrânia e da Geórgia na organização, pelo menos a curto e médio prazos. No entanto, eles ofereceram cooperação política e militar aos dois países, para ajudá-los a integrar a Otan no futuro.