O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, disse desconhecer a controversa decisão da França de enviar armas aos rebeldes na Líbia. No entanto, ele afirmou que “a missão da Otan é muito clara. Isso está em estrita conformidade com o mandato da Organização das Nações Unidas (ONU) e dentro desse mandato nós temos, com sucesso, mantido uma zona de exclusão aérea, um embargo de armas e protegido a população civil”, disse. “No final do dia, os líbios é que devem estabelecer o futuro de seu próprio país e depende da oposição combater em solo, porque não temos qualquer intenção de colocar forças em terra.”
As declarações de Rasmussen foram feitas após uma reunião em Viena, na Áustria, com o ministro de Relações Exteriores do país, Michael Spindelegger, na esteira da decisão da França de enviar armas para os rebeldes que combatem as formas de Muamar Kadafi. A França é parte da força liderada pela Otan, que realiza missões aéreas sobre a Líbia como parte do mandato da ONU para proteger civis em solo e que tem realizado ataques aéreos regulares no interior e nas proximidades da capital, Trípoli. Rasmussen disse que os aviões destruíram mais de 2.400 alvos militares em cerca de 13 mil missões.
O embaixador da França na ONU afirmou ontem que a entrega de armas aos rebeldes não viola a resolução adotada em fevereiro, que estabeleceu um embargo de armas à Líbia. Estas foram “armas de autodefesa” para a população civil em áreas tomadas pelos rebeldes porque eles estavam “sob ameaça”, disse ele, uma das exceções do artigo 4 da Resolução do Conselho de Segurança de 1973.
Preocupação
O líder da oposição líbia, Mahmoud Jibril, disse hoje que os rebeldes precisam de mais armas e mais recursos. Já a China e a Rússia demonstraram preocupação sobre as revelações de que a França forneceu armas para civis que combatem as forças de Muamar Kadafi. Hoje, a União Africana condenou o envio de armas para a Líbia.
O porta-voz do Exército francês, coronel Thierry Burkhard, disse na quarta-feira que a França havia entregado, por via aérea, armas aos civis líbios numa região montanhosa ao sul de Trípoli. A entrega de armas, granadas propelidas por foguete e munição aconteceu no início de junho nas montanhas Nafusa, quando tropas de Kadafi haviam cercado os civis. O primeiro-ministro de Kadafi, Al-Baghdadi al-Mahmoudi, disse que a França “vai sofrer com isso”, afirmando que as armas podem acabar nas mãos de terroristas.
O governo britânico afirmou que a decisão da França de fornecer armas se enquadra nos termos da resolução. Jalal el-Gallal, porta-voz do conselho opositor, também disse que acredita que a França agiu corretamente. “A China tem o direito de discordar, mas a resolução da ONU estabelece que quaisquer meios necessários para proteger os civis pode ser usado.”
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O secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, anunciou hoje que a Grã-Bretanha estava enviando 5 mil trajes militares, 6.650 uniformes, 5 mil coletes refletores e equipamento de comunicação para policiais em áreas comandadas por rebeldes. Ele disse que o material vai ajudar a oposição líbia a proteger civis e a crescente comunidade de diplomatas e trabalhadores humanitários no leste da Líbia. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.