A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) acusou neste sábado o líder da Líbia, Muamar Kadafi, de usar mesquitas e parques infantis como escudos, dizendo que o mandatário de longa data que recriminou ataques aéreos dos países aliados é quem “brutalmente ataca o povo líbio.”
Em um telefonema transmitido por alto-falantes para alguns milhares de pessoas que protestavam na Praça Verde, em Tripoli, na sexta-feira, Kadafi reclamou da Otan, um dia após os bombardeios terem se intensificado na capital. “A Otan será derrotada”, gritou ele com uma vez rouca e agitada à multidão. “Eles sairão em derrota.”
Em Bruxelas neste sábado, a porta-voz da organização, Oana Lungescu, classificou o discurso do governante líbio como “ultrajante.”
“Estamos salvando inúmeras vidas todos os dias em todo o país”, disse ela. “Estamos conduzindo operações com máximo cuidado e precisão para evitar baixas civis. Os números de civis mortos mencionados pelo regime líbio são pura propaganda.”
A porta-voz também acusou Kadafi e seu regime de “sistematicamente e brutalmente atacar o povo líbio”, dizendo que as tropas do governo “têm bombardeado cidades e portos e usado mesquitas e parques infantis como escudos.”
A Otan tem intensificado a pressão sobre o regime de mais de quatro décadas de Kadafi. Embora a maioria das ofensivas tenha acontecido durante a noite, ataques diurnos estão cada vez mais frequentes.
Os comentários de Lungescu também traziam alegações do primeiro-ministro da Líbia,
Al-Baghdadi al-Mahmoudi, que ontem acusou a Otan de um “novo nível de agressão” e disse que a aliança militar atacou intencionalmente edifícios civis nos últimos dias, incluindo um hotel e uma universidade.
“Ficou claro para nós que a Otan passou a deliberadamente atingir construções civis…Isso é um crime contra a humanidade”, afirmou ele a repórteres na capital líbia.
O Ministério da Saúde da Líbia divulgou novas baixas, que colocaram o número de civis mortos nos ataques aéreos da Otan até 7 de junho em 856. Não havia como verificar independentemente os dados. As informações são da AP.