O principal opositor ao presidente Evo Morales, Branko Marinkovic, anunciou nesta terça-feira (9) que viajará à Europa para denunciá-lo por suposta “perseguição e repressão” a rivais políticos na Bolívia. O líder autonomista está na clandestinidade desde que o governo o denunciou e a promotoria abriu um inquérito por suposta participação na sabotagem de um gasoduto.
“Nos próximos dias aproveitarei o fim do ano para visitar vários líderes e instituições de direitos humanos na Europa e denunciar que o Movimento ao Socialismo (MAS, partido de Morales) não reconhece a autonomia e, além disso, reprime e persegue aos autonomistas”, afirmou Marinkovic em uma carta. O texto, endereçado ao “povo de Santa Cruz”, foi publicado hoje em jornais bolivianos. Não foram mencionados os países a serem visitados. Há algumas semanas, o dirigente realizou viagem similar aos Estados Unidos.
O país votará no dia 25 de janeiro, em referendo, uma nova Constituição. O texto incorpora a demanda de autonomia, porém, segundo Marinkovic, “não reconhece a autonomia” como uma das prerrogativas dos departamentos (Estados). Marinkovic é acusado de promover uma onda de protestos contra o governo em setembro, que levou à sabotagem em um gasoduto e à morte de 20 pessoas no departamento de Pando, no norte boliviano. A oposição saiu debilitada desses protestos, mas começou a se articular para fazer frente à campanha de Morales pela nova Carta.
A oposição acusa o ministro da Casa Civil, Juan Ramón Quintana, homem forte de Morales, por corrupção, e pede a saída dele. O líder do principal partido oposicionista, Jorge Quiroga, acusa Morales de querer se perpetuar no poder.
A nova Constituição impulsionada por Morales busca “refundar a Bolívia”, propõe um Estado plurinacional, outorga maior poder aos indígenas, consolida as medidas nacionalistas do governo e propõe a eleição imediata e por um mandato do presidente, o que a atual Carta não prevê.