Senadores da oposição pediram ontem à Promotoria que investigue penalmente Tomás e Jerónimo Uribe Moreno, os filhos do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. A acusação é que eles supostamente aumentaram seu patrimônio graças a decisões tomadas por membros do governo de seu pai. Jorge Robledo, do partido Polo Democrático Alternativo, um dos senadores presentes no debate contra os irmãos Uribe Moreno, disse que o caso parecia mostrar uma operação especulativa. O congressista disse que uma empresa, Bavaria ou Sab Miller, vendeu aos Uribe Moreno um lote a preços muito baratos. “Ali há um presente que Sab Miller faz aos filhos do presidente (Álvaro) Uribe e a seus sócios”, acusou Robledo.
Já a senadora Cecilia López, do mesmo partido, apresentou cifras sobre o suposto aumento patrimonial dos filhos de Uribe. Ela se baseou em projeções pela criação de uma zona franca no oeste de Bogotá. Cecilia apresentou uma cronologia, desde a aquisição de prédios por parte dos Uribe Moreno até o aumento de preços, pela declaração da área como de zona franca, o que fez o valor do terreno adquirido pelos filhos do mandatário disparar. Robledo afirmou que chamava a atenção o fato de que “este governo concedeu à Sab Miller um contrato de estabilidade jurídica, o que indica que não subirá os impostos nas próximas décadas”.
Segundo Cecilia, os Uribe Moreno compraram o lote Bavaria-Sab Miller em 15.900 pesos (US$ 6,91) o metro quadrado, para depois o valor chegar a 650.000 pesos (US$ 282,60) por metro quadrado. O lucro foi superior a 3,900%, após a divisão de uma sociedade que os irmãos tinham com outra pessoa. Cálculos de analistas políticos indicam que os Uribe Moreno teriam conseguido um lucro superior aos US$ 9 milhões com a transação. Já Javier Cáceres, também do Polo Democrático Alternativo, fez uma exposição na qual sustentou que os filhos do presidente ganharam apenas 200 milhões de pesos (US$ 87 mil) no negócio.
As zonas francas gozam de condições aduaneiras e fiscais especiais, pois são terrenos dedicados a fomentar a industrialização para exportação. O ministro da Fazenda e do Crédito Público, Oscar Iván Zuluaga, fez uma veemente defesa das operações do governo e de seus funcionários no caso. Com a Constituição na mão, Zuluaga tentou contestar os argumentos dos senadores que participaram no debate sobre ética pública enfocando os negócios dos irmãos Uribe Moreno. O ministro disse que foram criadas 46 zonas francas, “em igualdade de condições, de exigências, de análises e de requisitos”. Zuluaga enfatizou que jamais recebeu um telefonema do presidente “para fazer algo indevido” em relação às zonas francas.