Oposição mantém protestos no Camboja ante violência

Uma semana de confrontos violentos entre as autoridades do Camboja e opositores e trabalhadores em greve elevou a preocupação sobre a inquietação política no país estar tomando um novo rumo, mais duro. Líderes da oposição e ativistas de direitos humanos condenaram os conflitos dizendo que eles marcaram uma mudança de postura do governo após revés eleitoral em julho.

O líder do partido oposição no país, Sam Rainsy, pediu neste domingo que os protestos contrários ao governo não parem apesar da violência policial e de ameaças de ações legais contra ele e seus aliados. Rainsy, do Partido para o Resgate Nacional do Camboja, disse ainda que o partido não abandonará suas práticas de não-violência enquanto pede a saída do primeiro-ministro Hun Sen e a realização de novas eleições.

Para comentaristas políticos, a violência não representa tanto uma mudança de postura das autoridades do Camboja, mas mostra que elas estão retomando sua fórmula que misturando coerção e conciliação. A tática já foi usada em crises políticas nos últimos 28 anos.

Na sexta-feira, a polícia abriu fogo contra trabalhadores, matando ao menos quatro pessoas e ferindo dúzias. No dia seguinte, realizou uma varredura de segurança para dispersar apoiadores da oposição dos principais locais de protesto da capital.

Partido para o Resgate Nacional do Camboja vinha protagonizando alguns dos maiores protestos contra o governo da história do país enquanto dezenas de milhares de trabalhadores pararam a indústria de confecções em uma greve nacional por elevação de salários.

Especialistas dizem que a preocupação com o cenário político e econômico provocou a reação do governo. “Depois das eleições, vozes moderadas no partido governista pareciam estar ganhando força e o governo ficou mais acomodado, cedendo espaço para os protestos”, comentou Ou Virak, presidente do Centro para Direitos Humanos do Camboja. “A violência sugere que os linha-dura podem estar ganhando espaço agora”, completou. “Depois de deixar a oposição definir a agenda de debate por tanto tempo, o partido do governo talvez queira conquistar iniciativa”, concluiu.

Hun Sen vem sendo pressionado a realizar reformar políticas desde as eleições, que marcaram o pior desempenho do partido governista, o Partido do Povo do Camboja, desde 1998. Alguns observadores esperam que o governo pare a violência para negociar com os líderes da oposição. “O partido do governo tipicamente ataca primeiro e negocia depois”, disse o acadêmico e analista político Sok Touch. Fonte: Associated Press e Dow Jones Newswires.

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