A oposição no Zimbábue vai passar a controlar o gabinete e a polícia, informaram nesta sexta-feira (12) dois funcionários do partido oposicionista Movimento pela Mudança Democrática, sob condição de anonimato, um dia após um acordo político no país. De acordo com eles, a prioridade da oposição é alterar as leis em relação à segurança e à mídia do país. Segundo os dois funcionários, o presidente Robert Mugabe manterá controle dos militares, pelo acordo fechado ontem, em Harare.
Espera-se que o documento seja firmado na segunda-feira (15), na presença de líderes de países vizinhos, entre eles o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, que atuou como mediador. Mbeki disse que o acordo seria tornado público apenas na segunda-feira. Mugabe não fez comentários e nenhum funcionário do partido havia tratado do caso.
No total, cinco funcionários do partido oposicionista falaram nesta sexta, sob condição de anonimato. Dois deles deram detalhes sobre o texto. Outros dois disseram que há líderes oposicionistas descontentes com o acordo com Mugabe, que comanda o país desde sua independência da Grã-Bretanha, em 1980. Mugabe é acusado de usar fraudes e a violência para se manter no cargo.
O porta-voz da União Européia, John Clancy, disse que os funcionários aguardam mais detalhes sobre o acordo na segunda-feira. O funcionário avaliou que era cedo para dizer se seriam retiradas restrições a vistos para aliados de Mugabe e outras sanções bancárias.
Pelo acordo, o líder da sigla oposicionista, Morgan Tsvangirai, de 56 anos, ficará com o controle do gabinete. Mugabe, de 84, mandará no conselho, que monitora o gabinete. Porém o presidente não terá poder de veto
Mugabe venceu o segundo turno das eleições presidenciais em junho. Porém Tsvangirai, que conseguira maioria dos votos no primeiro turno, havia retirado sua candidatura, por causa da violência por que passava o país. Mugabe manteve o nome do rival na cédula e conseguiu uma vitória folgada