O principal candidato da oposição no Togo foi alvo de gás lacrimogêneo pela segunda vez hoje, enquanto prometia ir para as ruas todos os dias em protesto contra a vitória, segundo ele fraudada, do filho do ex-ditador do país. “Estou pronto para morrer”, disse o líder opositor Jean-Pierre Fabre poucos minutos antes sair da central de seu partido na frente da qual estava uma coluna de policiais. “Vamos fazê-los exaurir seus estoques de gás lacrimogêneo. Não podemos deixar isso continuar, caso contrário eles permanecerão no poder pelos próximos 200 anos.”

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Resultados preliminares divulgados na noite de ontem mostram que Fabre conquistou 692.584 votos, ou 33,9%, perdendo a disputa para o atual presidente Faure Gnassingbe, que obteve 1,2 milhão de votos, ou 60,9%.

Um relatório divulgado no final de semana pela missão de observadores da União Europeia (UE) não encontrou evidências de fraudes como a oposição alega, mas diz que o partido no poder pode ter tentado comprar votos. A missão de observação da UE disse que os monitores estiveram em pelo menos quatro diferentes regiões do país onde o partido do governo vendeu arroz a potenciais eleitores por preços três ou quatro vezes menores do que os de mercado.

Essa foi a segunda eleição desde de a morte de Eyadema Gnassingbe, que tomou o poder após um golpe em 1967 e governou por 38 anos. Seu filho herdou o cargo após sua morte. A vitória do Gnassingbe mais novo nesta última eleição coloca a família no poder pelo 44º ano e significa que a dinastia política vai permanecer no poder por quase meio século.

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Resultados preliminares indicam que nas províncias onde o arroz foi vendido por preços mais baixos, o comparecimento às urnas foi alto e as pessoas votaram em massa em Gnassingbe. Os resultados distrito a distrito também mostram que a presença dos eleitores foi extremamente baixa em locais onde a oposição é mais forte, como Lomé.

A oposição diz que seus eleitores foram sistematicamente intimidados e continuam traumatizados pelas lembranças da última eleição cinco anos atrás, quando 400 pessoas foram mortas em episódios de violência pós-eleitoral, durante os quais milícias pró Gnassingbe caçaram eleitores da oposição, matando muitos em suas próprias casas, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) e uma investigação da Anistia Internacional.

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Fabre, de 57 anos, estudou economia e finanças na França. Ele disse que os eleitores da oposição ficaram com muito medo de ir às sessões eleitorais depois de receberem informações de que a impressão digital que deixaram no voto poderia ser usada para encontrá-los.

As informações são da Associated Press.