Os partidos de oposição ao governo da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, aprovaram na madrugada de ontem a lei que aumenta a aposentadoria para um piso de 82% do salário mínimo. A votação, empatada, foi definida pelo voto de Minerva do presidente do Senado, o opositor Julio Cobos, que também é o vice-presidente da República.
Foi a primeira grande derrota no Congresso desde a posse dos novos parlamentares, em dezembro. “Este é um voto pela equidade social”, afirmou Cobos, que rompeu há dois anos a aliança com o governo e que deixou claro que pretende ser candidato às eleições presidenciais de 2011.
O chefe do gabinete de ministros, Aníbal Fernández, afirmou que Cristina vetará a lei. O governo argumenta que o aumento das aposentadorias provocará a “falência” do Estado, já que os custos ultrapassariam a capacidade do Tesouro argentino. A oposição contesta, afirmando que se o governo deixar de lado os programas clientelistas e a distribuição generosa de verbas para as províncias de governadores aliados, haverá fundos para dar uma aposentadoria relativamente digna.
Com a aprovação da lei, a oposição arranca do governo uma de suas principais bandeiras sociais e coloca Cristina contra a parede, já que a obriga a optar entre gastos clientelistas ou o bem-estar dos aposentados a menos de um ano das eleições.