A oposição venezuelana, decidida a acelerar a saída do presidente Nicolás Maduro do poder, convocou nesta segunda-feira a população a realizar protestos diários em todo o país para pressionar por um referendo revogatório ainda em 2016 no país. “O referendo revogatório se fará neste ano”, disse o secretário-geral da coalizão, Jesús Torrealba, ao ler um comunicado da Mesa da Unidade Democrática, no qual foi ratificada a intenção de seguir adiante com a consulta.

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A oposição diz que “não há razões técnicas nem jurídicas” para impedir o referendo ainda em 2016. Em desafio aberto às autoridades eleitorais, a aliança disse que somente acatará o previsto na Constituição quanto à coleta de 20% das assinaturas dos eleitores em nível nacional. Segundo os oposicionistas, caso o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) insista em exigir a coleta das assinaturas por Estados “é nosso dever nos ativar como povo e obrigá-los na rua e às instituições a acatar a Constituição”. Torrealba diz que a oposição decidiu “realizar a partir de hoje atividades de protesto e organização todos os dias e em todo o país”.

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Durante uma concentração em um estádio esportivo da capital, Torrealba anunciou ante várias centenas de seguidores que a coalizão realizará uma mobilização nacional em 12 de outubro para conseguir que as condições da coleta de firmas ocorram de acordo com o previsto na Constituição.

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O presidente da Assembleia Nacional, deputado Henry Ramos Allup, descartou a possibilidade de divisões na coalizão opositora e disse, em breve discurso, que a oposição chegou a um acordo desta segunda-feira com uma unidade “inquebrantável, sólida e definitiva” para conseguir a votação popular ainda neste ano. “Não podemos permitir que seja o governo o que diga com suas trapaças quando exercemos nossos direitos e quando não”, disse Ramos Allup, ao reconhecer que, apesar das condições adversas que o CNE aprovou na semana passada, para a oposição não resta alternativa a não ser seguir adiante com a via eleitoral.

O CNE, controlado pelos governistas, estabeleceu um prazo de 26 a 28 de outubro para a coleta de assinaturas de 20% dos eleitores, patamar necessário para ativar a realização do referendo. O organismo autorizou o uso de 5.392 máquinas para validar as digitais dos eleitores. As equipes, porém, consideram esse número de máquinas insuficiente e disseram que isso poderia impedir a coleta de 20% das assinaturas.

Pesquisas apontam que pelo menos sete em cada dez venezuelanos defendem um referendo revogatório do governo Maduro neste ano. A oposição aposta em realizar o voto popular antes de 10 de janeiro do próximo ano, que é quando se completa mais da metade do mandato presidencial de seis anos de Maduro. Caso a consulta ocorra após essa data e o mandato do presidente for revogado, os últimos dois anos de governo ficariam sob a batuta do vice-presidente, prevê a Constituição. Fonte: Associated Press.