O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, apoiado pelos Estados Unidos, tem de renunciar antes das eleições parlamentares de fevereiro ou o país corre o risco de afundar numa guerra civil, advertiram hoje líderes oposicionistas e um grupo de estudos independente. Os pedidos surgiram depois de o governo ter decidido postergar a crucial eleição em seis semanas para 18 de fevereiro, devido ao turbilhão causado pelo assassinato da líder oposicionista Benazir Bhutto.
Um suicida a atingiu com disparos e depois se explodiu, aprofundando a crise política paquistanesa. O governo tem sido criticado pela precária segurança oferecida a Benazir, que denunciava que elementos do partido governista queriam assassiná-la. O partido nega que tenha envolvimento no complô. O presidente Musharraf anunciou que a polícia britânica Scotland Yard irá ajudar na investigação do assassinato.
A oposição, entretanto, quer que a investigação seja promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e exigiu a renúncia de Musharraf, um ex-comandante das Forças Armadas que ascendeu ao poder num golpe palaciano em 1999. "Eleições livres e justas são impossíveis sob sua liderança", afirmou Javed Hashmi, integrante do partido oposicionista do ex-premier Nawaz Sharif.
Num relatório sobre a morte de Benazir, o Grupo de Crises Internacionais, baseado em Bruxelas, pediu aos Estados Unidos para reconhecerem que Musharraf é "um grande peso, visto como cúmplice no assassinato" de Bhutto. "Chegou o momento de reconhecer que é a democracia, e não um general amplamente desprezado, artificialmente alçado, despido de mando, a melhor chance para oferecer estabilidade", disse num comunicado o diretor do grupo para a Ásia, Robert Templer. "A menos que Musharraf renuncie, as tensões irão piorar e a comunidade internacional poderá enfrentar o pesadelo de um país muçulmano com armas nucleares afundando numa guerra civil".
