Prefeitos (governadores) opositores da Bolívia declararam nesta sexta-feira (9) que aceitam o referendo revogatório de seus mandatos, um projeto original do presidente Evo Morales que os partidos de oposição surpreendentemente passaram a apoiar na quinta-feira, depois de travá-lo durante um ano.
Morales aceitou imediatamente a decisão política da maioria opositora no Senado e disse que promulgará a lei tão logo seja enviada.
"Esta é uma forma de aprofundar a democracia em nosso país. Se nós, os políticos, não podemos concordar facilmente, melhor que o povo decida o destino do país, o destino do presidente, vice-presidente, o destino dos prefeitos", disse Morales ao anunciar sua decisão.
Segundo o prefeito de La Paz, José Luís Paredes, "é uma boa decisão". "Eu vou iniciar minha campanha, que consiste em mostrar tudo o que avançamos. Creio que vou vencer a votação", afirmou.
Também o de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, disse se sentir "seguro", porque "não é preciso ter medo das urnas. Cremos que é a melhor maneira de dar a decisão aos cidadãos".
Segundo o diretor de autonomias da prefeitura de Santa Cruz, Carlos Dabdoub, "há prefeitos que têm um elevado índice de aceitação e esperam que a lei seja promulgada. Agora quem tem que se preocupar é o governo".
Em sua declaração da noite de quinta-feira, o presidente não mencionou o chamado que fez aos prefeitos, pela manhã, para que se reúnam na segunda-feira para elaborar um projeto de regime de autonomias para incorporar à nova Constituição.
O projeto de lei do referendo revogatório prevê que presidente, vice-presidente e prefeitos perderão o mandato se o percentual de votos contrários seja maior que o que receberam em 2005.
Se perder o mandato, o presidente deve convocar eleições gerais em um prazo de 90 a 180 dias a partir da contagem oficial dos resultados do referendo revogatório.
Os prefeitos que perderem o mandato encerrarão suas funções e o presidente designará seus sucessores.
Para que Morales e Alvaro García Linera percam seu mandato, a votação contra eles deve superar os 1.544.374 votos que receberam em 2005, equivalentes a 53,74%.
A cédula trará a pergunta: "Você concorda com a continuidade do processo de mudança liderado pelo presidente Evo Morales Ayma e o vice-presidente Alvaro García Linera?".
No caso dos prefeitos, a pergunta é: "Você concorda com a continuidade das políticas, as ações e a gestão do prefeito do departamento?". Seis dos nove prefeitos são de oposição. O de La Paz ganhou com 40%, o de Cochabamba com 48, o de Santa Cruz com 47, o de Tarija com 46,6, o de Beni com 45 e o de Pando com 48%.
Três governistas ganharam em Chuquisaca, com 42%, Oruro, com 41, e Potosí, com 41%. O de Chuquisaca renunciou por discrepâncias com o governo e seu sucessor deve ser eleito em 29 de junho.
O anúncio presidencial atualizou também a situação da Corte Nacional Eleitoral, cuja autoridade não foi reconhecida pelas filiais de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando ao decidirem levar adiante as consultas autonômicas nesses departamentos.
