Oposição boliviana aceita proposta de referendo de Evo Morales

La Paz – A oposição boliviana concordou nesta quinta-feira (6) com o anúncio do presidente Evo Morales de submeter seu mandato a referendo revogatório e pediu que sejam suspensas as reformas constitucionais até que se realize a consulta.

O anúncio de Evo é uma resposta a medidas de pressão em quatro dos nove departamentos do país contra o projeto de Constituição aprovado pela Constituinte e a diminuição do orçamento para as regiões a fim de criar uma renda para os idosos.

"Esperamos que, se somos democratas e estamos seguros na aposta pela democracia, os nove governadores junto ao presidente nos submetamos ao povo boliviano mediante um referendo revogatório", disse Morales em uma mensagem transmitida na televisão na quarta-feira à noite.

O chefe de Estado boliviano disse que hoje enviará ao Congresso um projeto de lei para que "convoque rapidamente este referendo revogatório para que esses grupos de adversários políticos, ideológicos e pragmáticos não estejam usando o povo para procurar mortos, quando no fundo do que querem é acabar com o mandato do presidente".

Nas cidades de Santa Cruz, Tarija, Trinidad e Cobija ao menos 500 mil pessoas realizam desde terça-feira um jejum voluntário contra o governo, e os dirigentes cívicos disseram que os protestos se massificarão gradualmente. Estão em marcha também ameaças de desordem civil.

Além dessas regiões, a oposição está composta pelos governadores de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, e de La Paz, José Luis Paredes.

Reyes Villa qualificou a proposta presidencial como "a melhor saída para a crise" e recordou que ele mesmo havia proposto há algumas semanas submeter seu mandato regional a consulta popular sempre que Evo Morales o fizesse.

O governador de Cochabamba é um dos mais duros opositores de Morales e junto a seus colegas de Santa Cruz, Tarija e Beni, levou essa semana a denúncia da oposição contra o governo Organização dos Estados Americanos (OEA) e as Nações Unidas.

Segundo Paredes, o presidente "não tinha outra alternativa" porque "estava entrando em um beco sem saída". O governador de La Paz disse que aceita "as condições que imponha o governo", ainda que tenha pedido que a consulta seja feita em ao menos 90 dias e sem mudar a atual Corte Eleitoral.

Também Leopoldo Fernández, governador de Pando, onde na terça e na quarta-feira houve enfrentamentos seus partidários e os simpatizantes de Morales, afirmou estar de acordo com o referendo e pediu que enquanto esteja em andamento a Constituinte congele seu trabalho.

Oscar Ortiz, senador do Poder Democrático Social (Podemos), que tem maioria no Senado, prometeu que quando seja recebido o projeto de lei anunciado pelo presidente, ele será tratado "com toda seriedade para elaborar uma boa lei".

"Esperamos que dessa vez o anúncio seja sério", declarou Ortiz.

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